A menos de dois anos das próximas eleições presidenciais, o Brasil volta a enfrentar um cenário de desequilíbrio fiscal e externo. O país se encontra diante de déficits simultâneos nas contas públicas e na conta-corrente — fenômeno conhecido como “déficits gêmeos” , que traz à tona preocupações semelhantes às enfrentadas durante a crise econômica no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.

A atual deterioração das contas públicas é atribuída, principalmente, ao aumento expressivo de gastos promovido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o início de seu terceiro mandato. Com o objetivo de estimular a economia, o governo optou por uma expansão fiscal que comprometeu a sustentabilidade das finanças públicas.

O déficit nominal, que inclui os juros da dívida, atingiu 7,12% do Produto Interno Bruto (PIB) nos 12 meses encerrados em julho. Quando considerados os resultados de estados e municípios, esse índice ultrapassa 8,5% do PIB — um patamar considerado alarmante para países emergentes. Parte significativa desse rombo decorre dos elevados custos com juros, uma vez que a taxa Selic permanece em 15% ao ano para conter a inflação. Com isso, o custo da rolagem da dívida pública se aproxima de R$ 1 trilhão em apenas um ano.

Consequentemente, a dívida bruta do país subiu para 77,5% do PIB, um aumento de 6 pontos percentuais em pouco mais de dois anos e meio. Poucas economias globais apresentaram um ritmo de deterioração tão acelerado no mesmo período.

No setor externo, o déficit em conta-corrente mais que dobrou no último ano, passando de 1,4% para 3,5% do PIB. Essa piora foi puxada por uma combinação de fatores: redução do superávit comercial, aumento das importações e intensa saída de lucros e dividendos para o exterior. O quadro eleva a vulnerabilidade externa do país e compromete a confiança dos investidores, dificultando a gestão da política econômica.

O contraste entre o atual cenário e os primeiros mandatos de Lula é marcante. À época, o governo era reconhecido por gerar superávits primários robustos, que ajudaram a conter a dívida pública e melhorar a imagem do Brasil no exterior. Hoje, o país segue uma trajetória oposta, marcada por elevado gasto público e ausência de receitas permanentes que sustentem essa expansão.

Economistas alertam que, se mantida essa rota, o Brasil poderá registrar um rombo fiscal recorde, exigindo medidas severas no futuro. O risco de repetir a crise vivida no final do governo Dilma marcada por perda de confiança, aumento da dívida e recessão é uma preocupação crescente.

A atual política econômica recoloca o país em um caminho de desequilíbrios históricos, com aumento da dívida, déficits externos e perda de credibilidade internacional. A história já mostrou os custos dessa escolha — e os brasileiros podem estar prestes a enfrentá-los novamente.

Com informações do Tribuna do Poder

COMPARTILHAR: