O Brasil deixou de arrecadar R$ 1,084 bilhão em julho de 2025 devido à deficiência na infraestrutura portuária, que impossibilitou o embarque de 508.732 sacas de café. O dado consta em levantamento realizado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que aponta ainda que 1.542 contêineres ficaram parados, agravando as perdas comerciais do setor.
O problema logístico não é isolado. Em junho, a mesma crise nos portos brasileiros impediu a exportação de 453 mil sacas de café e causou prejuízo de R$ 3 milhões. Segundo o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, esse cenário afeta diretamente os produtores:
“Esse não ingresso de receitas com a exportação de café gera elevados prejuízos aos exportadores e representa o menor repasse das transações comerciais aos produtores brasileiros, uma vez que somos o país que mais transfere o preço FOB (valor da mercadoria sem frete) dos embarques aos cafeicultores, a uma média que supera 90% nos últimos anos.”
Heron reforça que os prejuízos têm origem na precariedade da infraestrutura nos principais portos do país, o que vem provocando constantes atrasos e mudanças nas escalas dos navios. Em julho, além da perda de receita, os exportadores arcaram com R$ 4,140 milhões em custos extras, como armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates.
“Não é saudável ao comércio exterior brasileiro acumular prejuízos logísticos devido à infraestrutura defasada do país”, afirmou.
De acordo com o Cecafé, desde o início do levantamento, em junho de 2024, as empresas associadas à entidade já acumulam R$ 83,061 milhões em prejuízos causados por atrasos e alterações operacionais nos portos.
“Iniciamos esse levantamento em junho de 2024 e, desde então, as empresas associadas ao Cecafé acumulam um prejuízo de R$ 83,061 milhões com esses gastos elevados e imprevistos, decorrentes dos atrasos e alteração de escalas dos navios, por falta de infraestrutura portuária adequada nos principais portos de escoamento do café no Brasil”, disse Heron.
O diretor técnico também alertou que o segundo semestre de 2025 pode apresentar um cenário ainda mais crítico:
“O cenário de atrasos e alterações nas escalas de navios, que gera prejuízos milionários ao setor e impede a entrada de bilhões em receita no Brasil, tende a piorar neste segundo semestre de 2025.”
Diante da gravidade da situação, o Cecafé tem buscado alternativas. No mês passado, a entidade se reuniu com Bruno Pinheiro, gerente do Observatório do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI), para discutir propostas de melhoria nos indicadores logísticos e a criação de índices que permitam monitorar os entraves nas exportações de café.
Além disso, o Conselho conta com o apoio da associação Logística Brasil e de outras entidades do agronegócio na construção de uma pauta logística em Brasília. O Cecafé também apoia o portal Porto Livre Brasil, criado pelo Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CE Brasil), que visa aprofundar o debate sobre políticas públicas voltadas ao setor, com atenção especial ao leilão do novo terminal de contêineres no Porto de Santos (SP), o Tecon Santos 10.
Com informações do Itatiaia