A ministra da Igualdade Racial, Aniele Franco, afirmou nesta terça-feira (23) que a elucidação da morte da irmã, a ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), e o motorista parlamentar Anderson Gomes é um dever do Estado Brasileiro. Os dois foram mortos à tiros em 14 de março de 2018, na região central do Rio de Janeiro. A ministra se manifestou, pelas redes sociais, a respeito da suposta delação premiada, firmada pelo ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de cometer o crime. “Recebi as últimas notícias relacionadas ao caso Marielle e Anderson e reafirmo o que dizemos desde que a tiraram de nós: não descansaremos enquanto não houver justiça”, declarou a ministra.
Segundo o The Intercept Brasil, Ronnie Lessa teria delatado o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro(TCE-RJ) Domingos Brazão, que é ex-deputado estadual no Rio. A reportagem destacou que Brazão teria sido apontado por Lessa como mandante dos dois assassinatos. Ronnie Lessa está preso desde março de 2019, acusado de ser um dos executores do crime.
A reportagem informou que Lessa teria firmado uma delação com a Polícia Federal, mas o acordo ainda precisaria ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma vez que Brazão possui foro privilegiado por ser conselheiro do TCE-RJ. Ainda conforme a reportagem, a defesa disse que Brazão não ficou sabendo da informação, e que os advogados que representam o conselheiro do TCE-RJ ainda não tiveram acesso ao inquérito.
A ministra Anielle Franco disse, ainda, que a família aguarda os comunicados e resultados oficiais das investigações e “está ciente do comprometimento das autoridades para a resolução do caso”.
Além de Lessa, também estão presos por suspeita de participação no crime o ex-PM do Rio de Janeiro Élcio de Queiroz, que já firmou uma delação com a Polícia Federal. O acordo resultou na prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel.
A vereadora do Rio de Janeiro Mônica Benício (PSOL), que é viúva da ex-vereadora do Rio Marielle Franco, afirmou, nesta terça-feira (23), que a suposta delação de Ronnie Lessa é vista com esperança, mas sem otimismo exacerbado. “Lessa é um criminoso com laços profundos com o submundo do crime e da contravenção, tudo que for dito por ele, se for dito, vai precisar ser averiguado e respaldado pelas instituições responsáveis pela investigação. Foi esse o procedimento adotado na delação de Elcio Queiroz, foi esse o procedimento que impulsionou avanços na investigação e apontou o envolvimento de outros atores no crime”, pontuou.
Mônica Benício disse que a demora para a realização do Júri Popular dos executores do crime “cria um ambiente de insegurança e incredulidade com o sistema de Justiça do país”. A viúva citou o que considerou avanços da investigação, a partir da entrada da Polícia Federal no caso. “Durante o ano de 2023 passos importantes foram dados, como a delação de Elcio Queiroz e a prisão de Maxwell Simões, acusados de participação no planejamento da execução de Marielle e Anderson”, destacou.
Mônica Benício disparou contra a cobertura de parte da imprensa, que segundo ela, publicou conteúdos irresponsáveis. “Infelizmente, muitos veículos e jornalistas estão mais preocupados com “likes”, e matérias “clickbait” começam a surgir de forma irresponsável, com os familiares, com as investigações e a elucidação do caso e com o papel democrático que a imprensa deve ter”, criticou.
Fonte: Itatiaia