A China, maior importadora do frango brasileiro, vai enviar um questionário técnico ao governo brasileiro, para decidir sobre quando vai liberar a importação das aves nacionais, em decorrência do caso de gripe aviária identificado em uma granja comercial do Rio Grande do Sul.

O governo brasileiro emitiu sua autodeclaração de país livre da gripe aviária em 20 de junho. No dia 26 de junho, a OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) publicou, de forma oficial, a autodeclaração do Brasil. Os países importadores, porém, têm autonomia para decidirem sobre o assunto, conforme seus protocolos sanitários e acordos bilaterais.

A China é a prioridade do governo brasileiro, por ser a maior compradora do frango, respondendo sozinha por 10% da proteína exportada anualmente.

Assim que a OMSA fez a publicação sobre a regularização sanitária do Brasil, representantes do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) e do Itamaraty acionaram as autoridades chinesas, com pedido de suspensão das restrições impostas pelo país asiático. A Administração-Geral de Aduanas da China (GACC), entretanto, indicou que só vai considerar o levantamento do embargo após analisar um questionário técnico com informações detalhadas sobre os controles sanitários do Brasil.

Essa nova solicitação não estava prevista nas orientações iniciais dadas pela própria autoridade chinesa ao Mapa. Nas tratativas para regularizar a situação, os chineses declararam que, em seu “processo normal”, esses questionários costumam ser emitidos somente após três meses o registro do último foco, um tempo considerado necessário pelo país asiático para assegurar que a doença contagiosa está devidamente controlada.

No caso do Brasil, porém, devido à confiança e relação entre os dois países, os chineses se comprometeram em enviar o questionário técnico antecipadamente, com possibilidade desta emissão ocorrer ainda nesta semana.

A situação é semelhante à ocorrida com outra doença que afeta as aves, a Doença de Newcastle, que foi registrada no estado do Rio Grande do Sul em 2024.

A China reagiu com uma suspensão nacional temporária das importações de frango brasileiro, por várias semanas, antes de restringir a medida apenas às regiões afetadas do Rio Grande do Sul. Após negociações, Pequim concordou em restringir o embargo apenas a lotes provenientes do Rio Grande do Sul, mantendo abertas as exportações vindas das demais regiões do Brasil. A maior parte do Brasil continua habilitada a exportar normalmente, seguindo um protocolo regionalizado aceito por Pequim. A avaliação do questionário sobre o tema, porém, ainda não foi concluída.

O foco da gripe aviária foi detectado em 15 de maio de 2025 em uma granja de matrizes localizada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A amostra confirmou a presença do vírus H5N1, geneticamente similar ao detectado na Argentina meses antes.

As autoridades brasileiras adotaram medidas de erradicação, incluindo o abate sanitário, desinfecção, bloqueio de movimentação de aves e produtos, e vigilância em um raio de 10 km. O período de vazio sanitário foi iniciado em 21 de maio. Após 28 dias sem novos registros em granjas, o Brasil enviou à OMSA a autodeclaração.

Com isso, a exportação de carne de frango in natura do Brasil teve uma queda de cerca de 25% em volume pela média diária nas duas primeiras semanas de junho, na comparação com o dado do mesmo mês do ano passado, de acordo com números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), publicados na segunda-feira (16).

Ao todo, o Brasil registrou oito focos de gripe aviária, sendo um foco em aves comerciais, dois focos em aves de subsistência e cinco focos em aves silvestres, cativas ou de vida livre.

Além do caso da granja de Montenegro, outros episódios ocorreram no mesmo período, incluindo a morte de 160 aves aquáticas em um zoológico em Sapucaia do Sul (RS), onde o vírus também foi confirmado. Em Brasília, a doença foi detectada em uma ave de vida livre (irerê), no zoológico do Distrito Federal e, dias depois, em um pássaro cativo da espécie emu. Os dois zoos permanecem interditados e sob monitoramento.

Fonte: André Borges/Folha Press

 

 

 

 

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