Pesquisadores da Universidade de Osaka, no Japão, identificaram a proteína presente no sêmen que é responsável pela penetração do espermatozoide no óvulo e, portanto, responsável por fecundá-lo. A descoberta abriu caminho para a criação do primeiro anticoncepcional masculino do mundo e também para ampliar os tratamentos para a infertilidade. O estudo foi publicado na quinta-feira (8) na revista “Science”.

A proteína é chamada de calcineurina e está ligada ao transporte de cálcio no organismo. A calcineurina está presente em vários tipos de células, desde os espermatozoides até os linfócitos do sistema imunológico.

Os cientistas, liderados por Masahito Ikawa, conseguiram isolar o tipo específico que está presente no espermatozoide.

Esse tipo de calcineurina está diretamente relacionado à mobilidade do gameta. Quando há deficiência, a parte intermediária da cauda do espermatozoide não consegue se dobrar e assim ele não tem o impulso necessário para penetrar a membrana que protege o óvulo, apesar de conseguir nadar normalmente.

Com técnicas de engenharia genética, o professor Haruhiko Miyata criou camundongos com deficiência de calcineurina no sêmen e descobriu que esses machos eram inférteis.

A equipe também descobriu que camundongos selvagens tratados com inibidores de calcineurina – como ciclosporina e FK506 – se tornaram estéreis em duas semanas.

Depois de uma semana sem ingerir os inibidores, eles voltaram a ser férteis. Essa pesquisa deve abrir o caminho para a criação de um remédio que iniba a proteína responsável pela penetração do espermatozoide no óvulo.

Outro medicamento

Apesar de parecer uma realidade distante, até 2018 os homens deverão ter à disposição outro tipo de anticoncepcional. Desenvolvido pela Fundação Parsemus, dos EUA, o Vasalgel será aplicado por meio de injeção nos vasos deferentes (que ficam nos testículos e carregam os espermatozoides até a ejaculação), bloqueando a passagem das células reprodutivas masculinas.

O produto não modifica a produção de hormônios masculinos.

Objetivo é barrar a proteína chamada ‘calcineurina’

Dados anteriores mostravam que a calcineurina tinha um papel importante na fertilidade masculina, mas a existência de tipos diferentes dessa proteína nos testículos tornava difícil a tarefa de saber a função de cada um deles. O mérito desses cientistas foi descobrir que os tipos expressos pelos genes PPP3CC e PPP3R2 são encontrados apenas nas células que formam os espermatozoides e, assim, estudá-los.

O grupo constatou que a calcineurina específica do sêmen também está presente nos seres humanos. No entanto, ciclosporina e FK506 não podem ser usados como contraceptivos em humanos, pois eles também impedem a ação da calcineurina presente nos linfócitos (anticorpos).

Em casos de transplante de órgãos, por exemplo, médicos usam esses inibidores para diminuir o risco de rejeição ao novo órgão.

O desenvolvimento de um remédio que possa afetar apenas a calcineurina específica dos espermatozoides pode ser a chave para criar o primeiro anticoncepcional masculino com efeito reversível num curto espaço de tempo.

 

 

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