A pandemia de Covid-19 provocou uma elevação na contratação de apólices de seguro de vida, movida pelo desejo de provedores familiares de garantir financeiramente seus parentes e dependentes no caso de perderem a vida. Mas o que chama mais a atenção é o fato de muitos jovens também estarem buscando essa proteção.

A doença e suas consequências geraram uma nova percepção sobre os seguros de vida: a importância de prevenir eventuais prejuízos a seus familiares, bens, negócios e a si mesmo em meio às intempéries, embora os produtos, em geral, não cubram sinistros provocados por pandemias.

Para David Legher, diretor estatutário da FenaPrevi e CEO da Prudential do Brasil, a pandemia de Covid-19 levou a uma reflexão maior sobre a finitude da vida e sobre a nossa vulnerabilidade, chamando a atenção para a necessidade de estarmos preparados financeiramente para lidar com essas situações. “A pandemia também acelerou a transformação digital nas seguradoras, aperfeiçoando a experiência de compra e aproximando as novas gerações de consumidores”, explicou.

Segundo André Serebrinic, diretor de Vida, Previdência, Capitalização e Odonto da MAPFRE, os consumidores na faixa etária entre 30 e 45 anos, com família constituída, foram a maioria dos que contrataram seguros de vida da empresa, principalmente neste ano. Para ele, os segurados perceberam que o custo é ligado à idade.

“Boa parte desses segurados atentou para o fato de que quanto mais jovem a pessoa contratar um seguro e se tiver um estilo de vida com menor exposição a riscos, menor será o risco assumido pela seguradora. E que, com isso, o valor pago mensalmente pelo segurado (chamado de prêmio) tende a ser menor”.

Outro atrativo está ligado ao fato de o seguro oferecer coberturas que têm relação com a vida de qualquer pessoa, independentemente da idade, diz Serebrinic. Ele cita como exemplo as coberturas de diária de internação hospitalar – que podem ser por acidente ou por evento cirúrgico, dependendo do que foi contratado.

O segmento de seguros de vida cresceu em todo o país, constata Serebrinic, com base nos dados da MAPFRE. “No primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2020, a MAPFRE registrou um aumento próximo a 10% na adesão aos seguros de vida – incluindo todas as faixas etárias, mas, principalmente, como já mencionado, os consumidores na faixa entre 30 e 45 anos, com família constituída”, analisa.

EFEITO PSICOLÓGICO

Para a psicóloga clínica Alessandra Araújo, a pandemia aumentou a sensação de insegurança levando a crises de pânico, ansiedade, depressão e percepção de uma saúde mental fragilizada. À medida que o coronavírus se alastrava, a insegurança e medo da morte cresciam.

E é nesse contexto que se encaixa a procura pelo seguro de vida, por remeter à estabilidade, ainda que, muitas vezes, não vise àquele que o contrata, mas sim assegurar os beneficiários indicados por ele, constata a psicóloga. Para ela, os jovens têm buscado a autossustentação, além de retribuir aos seus cuidadores o esforço que tiveram com eles.

Arrecadação supera os R$ 26 bi no país

Segundo dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Complementar e Capitalização (CNseg), a arrecadação do segmento de vida no Brasil supera R$ 26 bilhões em prêmios. É um mercado que gera “ inúmeras oportunidades de negócios para corretores, aliadas à garantia de que os clientes e seus beneficiários não percam o poder de renda, padrão de vida ou tenham a dilapidação de seu patrimônio diante de riscos”, analisa Márcio Batistuti, diretor de Varejo da MAG Seguros.

O mercado segurador brasileiro pagou, até junho, segundo a FenaPrevi, mais de R$ 3 bilhões em seguro de vida em razão da pandemia do coronavírus, embora pandemias e epidemias não estejam entre as coberturas incluídas nos contratos. Para Batistuti esse fato demonstra a importância da indústria para a sociedade e reforça o seu compromisso. Entretanto, de acordo com David Legher, diretor estatutário da FenaPrevi e CEO da Prudential do Brasil, apenas 15% da população brasileira conta com seguro de vida, enquanto nos EUA o índice chega a 70%.

Um dos motivos está ligado ao desconhecimento sobre as aplicações do seguro, já que muitos pensam que os contratos se limitam a garantir algum valor para a família em caso de morte do contratante. Mas há muito mais do que isso.

“Em se tratando de seguro de vida, o objetivo principal é proteger o dono dessa vida, ou seja, o próprio segurado. Todo mundo sabe que, em casos como diagnóstico de doença grave, situação de invalidez total ou parcial, a pessoa fica em uma situação de desespero, vai atrás de tudo que for possível para solucionar o problema e acaba se afastando um pouco do trabalho, fazendo com que pare de produzir e as contas acabam chegando”, explica o consultor de Proteção Financeira da Metlife, Luis Reis.

Segundo o consultor, nesse momento o seguro entra em cena, indenizando, de maneira total ou parcial, o valor que o segurado contratou na apólice, que pode variar de R$ 60 mil a R$ 1 milhão. “Dessa forma o segurado fica mais tranquilo para se recuperar sem pensar em dinheiro, num momento em que tem que se tratar. Em caso de internação hospitalar, o cliente também recebe um valor a partir de 5 dias internado. Também temos a proteção da renda para casos em que o cliente não tem condições de trabalhar, o seguro também protege seus proventos. Chamamos essas coberturas de benefício em vida”, explica.

Outra área que o seguro pode proteger é o inventário. “Sabemos que o custo de um inventário é de 10% a 15% do valor dos bens e esse valor pode estar na apólice do cliente que quiser ter direito a esse benefício, tornando esse assunto resolvido para sua família quando se ausentar. Vale a pena dizer que o seguro, além de proteger no presente, pode gerar uma reserva financeira, cuja qual o segurado pode resgatar ao final, sendo assim uma proteção financeira para o futuro”, completa o consultor.

No acumulado de janeiro a julho, considerando o segmento individual, os ramos que apresentaram maior crescimento foram Doenças Graves e Acidentes Pessoais. O bom desempenho destes ramos mostra um consumidor atento não apenas à proteção de seus beneficiários, mas também focado na utilização do produto em vida. 

Fonte: Estado de Minas

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