O desembargador aposentado Sebastião Coelho, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), utilizou as redes sociais para convocar apoiadores do político a uma paralisação em defesa de sua anistia, após a prisão de Bolsonaro, ocorrida na manhã de sábado (22) na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília.
Em postagem no Instagram, Coelho orientou como a paralisação deveria ocorrer, afirmando que este é “o caminho que restou”. “Nós já fizemos tudo o que estava ao nosso alcance até aqui, sem qualquer resultado. E qual é o objetivo? A anistia. Anistia ampla, geral e irrestrita para todos do 8 de janeiro e para o presidente Bolsonaro, que representa a todos. Qual é o destinatário dessa paralisação? o Congresso Nacional, que está de costas para o povo brasileiro”, declarou.
Segundo o desembargador aposentado, todos os serviços devem aderir à greve, exceto bombeiros, hospitais e ambulâncias. “Os demais, tudo pode parar. Você vai me perguntar: ‘será uma paralisação total, nacional?’ De início, dificilmente. A paralisação deve ser por setores. Quem é líder de um setor, chama a paralisação no seu setor. A partir disso, outros vêm para agregar, para somar”, afirmou.
Coelho reforçou que a união dos apoiadores poderia “resgatar o nosso país” e criticou o Poder Judiciário. “Conterrâneos, vocês sabem que todas as ditaduras contam com o apoio do Poder Judiciário para dar aquela roupagem de legalidade. No mundo todo. Mas no Brasil a ditadura é o próprio Poder Judiciário. Nós não podemos mais aceitar isso”, disse.
Ele ainda questionou até quando os apoiadores permanecerão inertes, mencionando a prisão de Bolsonaro e a postura do comando militar: “Até quando vamos acatar, ficar quietos vendo um capitão do Exército preso na Policia Federal, quando deveria estar preso em uma unidade do Exército brasileiro. E o comandante do Exército calado, de cabeça baixa. Essa é a hora, meus irmãos. Paralisação já”.
Convocação por “reação à altura”
Horas após a prisão, Coelho também convocou uma “reação a altura” em favor do ex-presidente, classificando a ordem de prisão como “intolerância religiosa e abuso de poder”. “Então brasileiros, chegou a hora. Não temos mais o que esperar. Esse é o momento da nossa reação. Vamos conversar, nos articular e vamos para uma reação pacífica, mas forte na altura desse arbítrio que está sendo cometido”, afirmou.
O desembargador aposentado acrescentou que a prisão de Bolsonaro poderia abrir precedente para que oficiais generais das Forças Armadas, incluindo Exército e Marinha, fossem levados a prisões comuns, violando “mais uma vez o estatuto dos militares”. “A prisão do presidente Bolsonaro é, a um só tempo, intolerância religiosa e abuso de poder. Intolerância religiosa porque a constituição nos assegura o direito de oração dentro dos templos e ao ar livre. Abuso de poder porque viola o artigo 73, parágrafo único, letra C, da lei 6680, que é o estatuto dos militares”, disse.
Coelho também comentou sobre vigílias realizadas desde agosto deste ano, alegando que não há novidade na prisão de Bolsonaro e atribuindo a decisão do ministro Alexandre de Moraes à violação de direitos fundamentais: “Desde a prisão domiciliar do presidente Bolsonaro, em 4 de agosto, nós fizemos várias vigílias naquele mesmo local onde o senador Flávio Bolsonaro (PL) fez o vídeo. No mesmo horário, às 19h. Não tem qualquer novidade. Essa é apenas mais uma desculpa do senhor Alexandre de Moraes violando os direitos fundamentais de Jair Bolsonaro”.
A prisão de Bolsonaro
Bolsonaro foi preso pela Polícia Federal em Brasília por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A PF solicitou a prisão, alegando risco de fuga do ex-presidente durante vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio do pai.
Na decisão, Moraes citou também a violação da tornozeleira eletrônica por Bolsonaro por volta das 0h deste sábado, conforme monitoramento. “O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta SUPREMA CORTE a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu JAIR MESSIAS BOLSONARO, às 0h08min do dia 22/11/2025. A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, argumentou Moraes.
Com informações do Metrópoles











