O dólar abriu em forte queda nesta quinta-feira (12), um dia depois do Comitê de Política Monetária (Copom) decidir sobre a taxa básica de juros do país, a Selic. O comitê do Banco Central (BC) optou por um aumento agressivo de 1 ponto percentual, levando a taxa ao patamar de 12,25% ao ano. A decisão foi unânime. O movimento era esperado por parte do mercado, ainda que uma parcela dos agentes econômicos tenha apostado em um aperto menor, de 0,75 ponto.

Às 9h03, a moeda norte-americana caía 1,25%, cotada a R$ 5,895. Na quarta-feira, caiu 1,27%, cotada a R$ 5,970 –a primeira vez que retornou ao patamar de R$ 5 desde 28 de novembro, quando as disparadas no câmbio tiveram início.

No comunicado, o colegiado do BC antecipou um choque de juros, prevendo mais dois aumentos de mesma intensidade nas próximas reuniões, de janeiro e março, o que levaria os juros a 14,25% ao ano.

“Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, disse.

A decisão marca a despedida de Roberto Campos Neto do comando do colegiado do BC. A partir de janeiro de 2025, o posto será ocupado por Gabriel Galípolo -nome de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A aceleração do ritmo de alta da Selic era esperada pelo mercado financeiro. Mas, segundo levantamento feito pela Bloomberg, a maioria dos economistas consultados projetava uma elevação de 0,75 ponto, enquanto a parcela minoritária apostava em um aumento de 1 ponto percentual.

“É um belo choque, um belo aperto monetário. O mercado vinha preocupado com a atuação do BC, temendo que ele pudesse ser mais contido. Mas ele atuou na conta-erro que foi deixada em aberto pela má atuação do governo na questão fiscal. O ajuste se dará pelos juros. Não fosse o caso, se daria no câmbio e na inflação, o que seria muito pior para a economia no longo prazo”, avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

O especialista ainda pontua que o movimento afasta incertezas em torno de Galípolo, que, para alguns agentes do mercado, poderia ser mais leniente em relação à inflação por causa da proximidade com o governo Lula, crítico à alta de juros. Antes de ser diretor do BC, Galípolo era número 2 do ministro Fernando Haddad na Fazenda.

Galípolo contrata para si mais duas altas da mesma magnitude. Isso é super importante para ancorar as expectativas em torno da conduta dele.” O BC ainda anunciou, à noite, que fará uma nova intervenção no câmbio nesta quinta pela manhã, com a realização de dois leilões de dólares com oferta total de US$ 4 bilhões.

Banqueiros, estrategistas e gestores ainda afirmam que o rebuliço no mercado também se deve à expectativa de que o presidente Lula não terá condições de disputar a reeleição.

 

Fonte: O Tempo

COMPARTILHAR: