O avanço da influenza aviária (vírus H5N1) na América do Sul preocupa autoridades no Brasil e também representantes do agronegócio. Em Minas Gerais, um grupo de trabalho atua para prevenir a chegada da doença nas propriedades rurais e granjas. No Estado, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) vai atuar juntamente aos produtores rurais na orientação sobre sintomas da enfermidade.
Os trabalhos ocorrem sob a coordenação do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção de carne de frango tinha a expectativa de encerramento de 2022 com 14,5 milhões de toneladas produzidas, ficando atrás apenas da China. Deste total, cerca de 4,8 milhões de toneladas foram destinadas às exportações, frisou a ABPA.
A coordenadora de Pequenos Animais da Emater-MG, Márcia Portugal, disse que o trabalho busca alertar os produtores, sem gerar uma sensação de alarde. Ela cita que apesar de ainda não se ter registros no Brasil, a doença deverá chegar ao território nacional. “Nós vamos ajudar os produtores a diagnosticar a doença no mais próximo possível dos sintomas e fazer a notificação ao IMA, que poderá atuar com rapidez. A doença não existe no Brasil, mas que vai entrar, é quase certo que sim”, destacou.
Márcia disse que a chegada do vírus no país pode ocorrer com o deslocamento de aves, principalmente marítimas, que estão se deslocando do inverno europeu para a América do Sul e podem hospedar a enfermidade e transmitir a galinhas, patos, perus, dentre outros animais de pequeno porte. Órgãos ambientais e estaduais também estão sob alerta para a possível presença de animais contaminados em áreas de reserva e proteção ambiental.
“É uma doença que a mortalidade é muito rápida, coisa de 72 horas. De um dia para o outro, a postura de ovos cai consideravelmente e quando estão com um acometimento maior, as cristas, barbelas e os pés da galinha têm um edema, um inchaço, já tomadas por uma hemorragia”, citou Márcia. Em Minas, duas áreas de preocupação são Lagoa Santa, na Grande BH e a região do Rio Doce.
Todas as suspeitas de influenza aviária devem ser notificadas imediatamente, presencialmente ou por telefone, aos Serviços Veterinários Estaduais ou nas Superintendências Federais de Agricultura.
A influenza aviária de alta patogenicidade é caracterizada principalmente pela alta mortalidade de aves que pode ser acompanhada por sinais clínicos, tais como andar cambaleante; torcicolo; dificuldade respiratória e diarréia.
Produtores de aves devem reforçar as medidas de biosseguridade das granjas, especialmente aquelas para evitar o contato de aves silvestres e de pessoas alheias ao sistema produtivo com as aves de produção.
Em relação às infecções humanas, o IMA ressalta que podem ser adquiridas principalmente por meio do contato com aves infectadas (vivas ou mortas) ou ambientes contaminados (secreções respiratórias, sangue, fezes e outros fluidos liberados no abate das aves). Já o risco de transmissão às pessoas por meio de alimentos devidamente preparados e bem cozidos é muito baixo.
Fonte: O Tempo