A linguística estuda as maneiras de se falar uma língua em diferentes regiões onde ela é empregada. Então falar, seja como for, é uma questão linguística. Isso quer dizer que a linguística respeita os diferentes modos de falar uma língua, o que não quer dizer que ela sugere o abandono da gramática, do ensino das normas de bem falar e bem escrever o português, por exemplo.
Pois na contramão disso, ao invés de dar condições às escolas de ensinar aos nossos estudantes a boa e velha gramática para que eles possam se comunicar e possam comunicar o que pensam a todos, o MEC – Ministério da Educação, comprou 485 mil exemplares do livro “Por Uma Vida Melhor”, da coleção “viver, aprendendo”, de Heloísa Ramos, e distribuiu a centenas de aulas da rede pública. Isso faz um bom tempo, mas parece que continua a dar frutos hoje em dia, pois a escola tem cada vez mais dificuldade de ensinar a falar com mais correção e incutir o gosto pela leitura.
Pois o livro em questão prega que falar “nós pegamos o peixe” ou “os meninos pega os peixes” é uma maneira correta de falar e quem disser o contrário é preconceituoso, está praticando “preconceito linguístico”. Agora, vivemos insistindo que a qualidade do nosso ensino fundamental e médio deve melhorar, para que nossos alunos aprendam eficazmente a ler e escrever – mais que isso, que entendam o que leem e consigam se comunicar, se fazer entender ao escrever um bilhete, uma mensagem, uma carta. E aí vem o Ministério da Educação, que deveria primar pela boa qualidade do ensino no país, e gastou uma cifra enorme do dinheiro público para comprar um livro que apregoa o assassinato da língua portuguesa, mais do que já foi feito até aqui?
Recentemente, ainda, escrevi sobre a possibilidade que aventaram de levar a “internetês” para a escola, o que já seria um aviltamento generalizado da língua. Agora me aparece essa notícia, dando conta de que o MEC cometeu o disparate de comprar uma fortuna em livros que não ajuda em nada os estudantes no aprendizado de um bom português, muito pelo contrário: dá passe livre para que as pessoas falem do jeito que bem entendem. Consequentemente, vou escrever assim também. Aliás, muitos já escrevem mal, porque nem sequer conseguem enunciar uma ideia.
Enquanto, por um lado, tenta-se unificar a língua portuguesa em todos os países onde ela é o idioma oficial, no Brasil se desenvolveu uma reforma, mas o governo distribuiu “obra” desobrigando nossos estudantes de primeiro e segundo grau e os cidadãos em geral de aprendizagem e praticar o português correto.
Com a educação já falida neste nossos pais, com novas modificações aprovadas para o Ensino Médio e para o fundamental também, mais este livro nefando distribuído igual bala aos alunos das escolas públicas, a luz no fim do túnel fica cada vez mais tênue. Isso sem contar com a pandemia, que veio complicar ainda mais o que já estava ruim, com um apagão, na escola, de quase dois anos. É preciso resgatar a educação em nosso país. Logotipo E. Linguística não é falar errado metodologicamente e propositadamente.