Uma expedição pelo Rio Amazonas, com trajeto de Manaus a Belém, pretende aproximar cientistas dos saberes populares em busca de soluções para os desafios impostos pelas mudanças climáticas na Amazônia. Entre os dias 28 de outubro e 21 de novembro, pesquisadores embarcarão no navio Iaraçu para realizar a mais completa coleta de dados e relatos sobre o tema. A iniciativa integra a Temporada Brasil-França 2025 e é fruto da cooperação entre os governos dos dois países, envolvendo dez instituições brasileiras e francesas.
Segundo o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, o Iaraçu receberá a bordo não apenas a comunidade científica, mas também moradores locais, ribeirinhos, empreendedores da bioeconomia, associações, cooperativas e todos que desejarem compartilhar conhecimentos que possam contribuir com as pesquisas. “O Iaraçu tem uma dimensão participativa e inclusiva, e esse encontro de diferentes vozes e saberes é o que dá peso e particularidade ao projeto”, destaca Lenain.
A expedição ocorrerá paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém. A capital paraense será o ponto de chegada da jornada, após o percurso pelas cidades de Manaus, Itacoatiara e Parintins, no Amazonas; e Óbidos, Alter do Chão, Almeirim, Porto de Moz, Gurupá e Breves, no Pará. A previsão é que o Iaraçu atracar em Belém antes do dia 6 de novembro, a tempo de levar o material coletado aos ambientes de negociação e tomada de decisões globais.
De acordo com nota divulgada pelo Institut de Recherche pour le Développement (IRD), a proposta da expedição é dar voz à Amazônia. “O projeto chama-se Iaraçu, onde ‘Iara’ é a protetora dos rios e ‘açu’ representa algo importante. Vamos buscar a palavra desses ribeirinhos e levar à COP30 todo o conhecimento, o sentimento e a convivência significativa que vai acontecer”, explica o instituto.
A presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise de Carvalho, afirma que há expectativa de que as pesquisas e informações coletadas durante a expedição desencadeiem novos estudos e publicações. “Pelo menos alguns livros e artigos nós temos certeza que serão produtos gerados, para que haja cada vez mais divulgação científica e das atividades realizadas nesse barco”, afirma.
Para compor a equipe da expedição, está aberto um edital com inscrições até o dia 29 de agosto. Serão selecionadas 28 pessoas para integrar uma equipe franco-brasileira formada por pesquisadores vinculados a universidades dos dois países, startups que desenvolvam soluções voltadas à crise climática, além de agências e instituições socioambientais.
Os candidatos devem apresentar propostas com ações como workshops, seminários, formações, projeções, audições e dinâmicas voltadas à coleta de informações junto aos moradores ribeirinhos e comunidades tradicionais afetadas pelos impactos das mudanças climáticas. O resultado da chamada pública será divulgado no dia 15 de setembro. Mais informações podem ser obtidas diretamente com a representação do IRD no Brasil ou pelo e-mail: [email protected].
Com informações da Agência Brasil
