A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a farmacêutica EMS anunciaram nesta quinta-feira (7) dois acordos de cooperação para a produção nacional de liraglutida e semaglutida, princípios ativos de medicamentos agonistas GLP-1, conhecidos popularmente como “canetas emagrecedoras”.
Segundo nota conjunta das instituições, os acordos preveem a transferência de tecnologia da síntese do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e do medicamento final para Farmanguinhos, unidade técnico-científica da Fiocruz. Inicialmente, a fabricação será realizada na planta da EMS em Hortolândia (SP), até que a tecnologia seja completamente transferida para o Complexo Tecnológico de Medicamentos de Farmanguinhos, no Rio de Janeiro.
“As injeções subcutâneas oferecem uma abordagem de alta eficácia e são consideradas inovadoras para o tratamento de diabetes e obesidade, marcando mais um avanço significativo da indústria nacional no desenvolvimento de soluções de alta complexidade”, destaca o comunicado.
A EMS classificou os acordos como um marco histórico para a indústria farmacêutica brasileira. Já a Fiocruz ressaltou que a parceria entre instituições públicas e privadas fortalece a capacidade de inovação e amplia o portfólio de produção. Farmanguinhos também destacou que a iniciativa inaugura a estratégia da Fiocruz para a produção de medicamentos injetáveis, com a incorporação de uma nova forma farmacêutica e o fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
Controle e regulação
Desde junho, farmácias e drogarias passaram a reter receitas médicas para a venda de canetas emagrecedoras. Além da semaglutida e da liraglutida, a medida abrange outros medicamentos da mesma classe, como dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida.
A decisão foi tomada pela diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril e entrou em vigor 60 dias após sua publicação no Diário Oficial da União. Em nota, a agência informou que o objetivo é proteger a saúde da população, especialmente diante do aumento de eventos adversos relacionados ao uso desses medicamentos fora das indicações aprovadas.
A retenção do receituário era defendida por entidades como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sociedade Brasileira de Diabetes e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Em nota aberta, as organizações alertaram para os riscos do uso indiscriminado e da automedicação, que podem comprometer o acesso de pacientes que realmente necessitam do tratamento.
“A venda de agonistas de GLP-1 sem receita médica, apesar de irregular, é frequente. A legislação vigente exige receita médica para a dispensação destes medicamentos, porém, não a retenção da mesma pelas farmácias. Essa lacuna facilita o acesso indiscriminado e a automedicação, expondo indivíduos a riscos desnecessários”, afirmaram.
SUS avalia incorporação.
Em junho, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) abriu consulta pública para avaliar a inclusão da semaglutida nos serviços públicos de saúde. As manifestações foram recebidas até o dia 30 de junho.
A análise foi solicitada pela farmacêutica Novo Nordisk, fabricante do medicamento Wegovy. Em parecer preliminar emitido em maio, a Conitec recomendou a não incorporação do medicamento ao SUS, citando os custos elevados, estimados em até R$ 7 bilhões ao longo de cinco anos.
Com informações da Agência Brasil