Uma lista com dados de mais de mil policiais militares aposentados foi apreendida, nesta quarta-feira (15), durante a operação “O Ilusionista”, que mirou uma quadrilha especializada em golpes que teria causado um prejuízo de pelo menos R$ 700 mil em 30 vítimas. Para “arrancar” valores, os criminosos usavam uma espécie de “telemarketing”, chegando a passar um telefone 0800 para que as pessoas “verificassem” as informações.

Os detalhes foram divulgados durante coletiva de imprensa, que detalhou que os suspeitos escolhiam, especialmente, vítimas mais idosas – um dos militares da reserva enganados tinha 84 anos -, e, em alguns casos, doentes. “Eram pessoas vulneráveis, idosas, algumas com grave situação de saúde, muitas vezes com câncer e que viam nessa promessa a possibilidade de conseguir um tratamento para o seu problema”, detalhou o promotor Peterson Queiroz.

Os estelionatários inicialmente entravam em contato telefônico com as vítimas se passando por um “advogado do Instituto de Previdência”. Os golpistas pediam para verificar uma série de dados, alguns deles restritos, como o número de polícia. A partir daí, era informada a existência de um valor a ser recebido em decorrência de uma “ação coletiva” na Justiça, normalmente uma quantia em torno de R$ 29 mil.

“Em seguida passavam um número 0800 para que a pessoa entrasse em contato. Nesse número, o alvo era atendido por um outro criminoso, que se passava por um major ou coronel da PM, que seria responsável pelo instituto, e que confirmava todos os valores que haviam sido passados pelo suposto advogado. A partir daí, a vítima era levada a acreditar que tinha direito a estes valores”, completa o promotor.

Para convencer as vítimas, a quadrilha simulava um erro no endereço existente no cadastro para alegar que a carta avisando sobre o valor a ser recebido não teria sido entregue por este motivo. Por fim, o golpe culminava nos policiais aposentados depositando valores que seriam, supostamente, para cobrir os honorários ou custos processuais e, enfim, receberem a quantia a que supostamente tinham direito. Valores que, na verdade, nunca existiram.

Para receber o dinheiro, os criminosos passavam contas bancárias de “laranjas”, tendo, inclusive, usado documentos falsos para abrir contas em nome de terceiros. Assim que a quantia caía, era sacada e distribuída entre os integrantes.

Nesta quarta, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e seis de prisão. A operação “O Ilusionista” aconteceu simultaneamente em seis cidades de Minas Gerais, a maior parte delas na região metropolitana de Belo Horizonte. Além da capital, Contagem, Betim, Ibirité e Mateus Leme receberam buscas. A cidade de São Francisco, no Norte de Minas, também foi alvo de um dos mandados.

Suspeito já foi preso por golpe a militares

Entre os seis presos na operação, todos já têm passagem por estelionato. Entretanto, um deles, chegou a ser investigado durante uma operação em 2016 que prendeu criminosos também por aplicar golpes em policiais militares e familiares.

“Em 2021 ele foi preso pelo Gaeco, condenado a 13 anos e 7 meses, mas respondia ao recurso em liberdade. Essa nova operação foi acelerada após constatarmos que eles estariam fazendo novas vítimas no momento”, completou o promotor.

A investigação continua, inclusive com o levantamento da situação patrimonial dos alvos. “Mas já posso adiantar que um deles tem uma condição financeira muito superior aos seus vizinhos, na cidade do norte de Minas, e ele não tem nenhuma outra renda lícita, então podemos deduzir que tudo veio desses golpes. Os demais, pelo que vimos, são pessoas que conseguem um dinheiro e acabam gastando em futilidades”, finalizou Queiroz.

“Vamos cuidar dos idosos”, pede porta-voz da PM

Durante a coletiva de imprensa, a porta-voz da Polícia Militar, major Layla Brunella, destacou que a corporação participou da operação com 64 militares e conseguiu cumprir 100% dos mandados. Ainda segundo ela, o crime foi denunciado pela PM, uma vez que as vítimas eram veteranos da corporação.

“Pedimos que a família, filhos, esposa, sobrinha, pessoas mais jovens, estejam antenadas e cuidem dessas pessoas mais idosas, que tenham acesso mais qualificado e mais fácil às informações e que possam cuidar deles. Temos entre as vítimas uma pessoa de 84 anos que, muitas das vezes, acredita na falsa credibilidade que os infratores passam”, orienta.

A militar orienta ainda que as pessoas nunca repassem dados pessoais em ligações telefônicas e que sempre acionem os órgãos oficiais por seus canais de comunicação, por exemplo, do Instituto de Previdência.

Fonte: O Tempo

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