Analistas do setor automotivo acreditam que haverá uma prorrogação da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – prevista para terminar em 31 de agosto – para estimular o consumo de veículos, apesar da negação do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A confirmação da extensão do benefício, porém, é esperada para os dias próximos à data de vencimento.
De acordo com os analistas, o IPI reduzido reergueu o comércio de veículos, levou a um ajuste dos estoques nas montadores e, a partir de julho, abriu espaço para uma retomada da produção, com consequente alta no número de empregados.
Agora, dizem, não há razão para o governo interromper o bom momento da indústria automotiva e comprometer ainda mais o já fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012.
O ex-presidente da Ford Brasil e diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), Luiz Carlos Mello, diz acreditar piamente na renovação da política de incentivo à compra do automóvel. O governo não quer correr nenhum risco em relação ao impacto que uma nova crise no setor teria na economia, afirma, em relação a uma eventual freada no mercado de veículos caso o imposto volte a vigorar com a alíquota cheia. Se o PIB já se desenha abaixo dos 2% de crescimento, qualquer soluço da indústria automotiva, que tem uma cadeia muito desdobrada, teria impacto, disse.
O ex-vice-presidente de manufatura e criação de produção da Ford na América do Sul e hoje consultor Luc de Ferran afirma que todos os agentes do setor com quem tem conversado confiam na prorrogação.
Ferran destaca o efeito que o IPI reduzido teve sobre os estoques das montadoras, que em abril chegaram a 43 dias e, ao final de julho, foram reduzidos a 27 dias de vendas, segundo divulgou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) na última segunda-feira.
Quando cortou o imposto a indústria, que havia praticamente interrompido a produção, ajustou o estoque em menos de um mês. Todo mundo está com os números positivos do IPI reduzido na cabeça, afirma.
Recordes
Dados da Anfavea relativos a julho mostram que as vendas de veículos chegaram a 364.196 unidades, recorde para o mês e o segundo melhor resultado.
A produção aumentou 8,8% em comparação a junho e, para agosto, a entidade espera recorde tanto de vendas quanto de produção. O emprego cresceu 0,5% em julho ante o mês anterior, após uma alta de 1,3% na comparação de junho ante maio.
Julian Semple, consultor sênior da Carcon Automotive, acredita que haverá a prorrogação, mas a decisão será anunciada na última hora para não interromper a corrida do consumidor às concessionárias em busca de um preço menor. Sob o ponto de vista das montadoras, é melhor apostar corrida agora e fazer o anúncio da prorrogação só no último momento, disse.

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