Contrariando o desejo inato dos pais de que seus filhos fiquem saudáveis e nada de ruim lhes aconteça, uma mãe adoecia a própria filha para chamar a atenção de outras pessoas. O ato quase culminou na morte da menina, já que como as doenças constantes não estavam fazendo com que a mãe conseguisse a atenção desejada, a mulher tentou matar a filha com envenenamento por chumbinho. O caso aconteceu em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, e a acusada está em julgamento nesta terça-feira (9) no Fórum da cidade.

A reportagem de O TEMPO teve acesso a denúncia feita pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sobre o caso. No documento consta que a acusada adoeceu a menina por, pelo menos, 8 vezes entre os anos de 2013 e 2016, fazendo com que ela precisasse ir para o hospital. O inquérito da Polícia Civil sobre o caso foi concluído em março de 2017 e em agosto do mesmo ano foi feita a denúncia contra a mulher, que atualmente tem 32 anos. A criança na época dos fatos tinha entre 2 e 6 anos.

Ainda segundo a denúncia, a mulher dava remédios de uso controlado para a criança para fazer com que ela adoecesse. Em 2013 a menina foi diagnosticada com inflamações no sistema nervoso central e com crises convulsivas. Já nos anos de 2014 e 2015, a menina foi internada por várias vezes com quadro de sonolência, dificuldade de andar e convulsões.

Ainda no ano de 2014, os médicos encontraram dois comprimidos na boca da menina que não tinham sido ministrados pela equipe médica durante a internação, o que levantou suspeita dos profissionais de que algum familiar estava medicando a criança. Em 2016, a menina voltou a ser internada com convulsões e ficou no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). No dia em que iria receber receber alta a paciente adoeceu novamente.

Ao realizar os exames, os médicos perceberam que não havia nada de errado com a saúde da criança e começaram a desconfiar que os adoecimentos dela eram provocados por alguém próximo dela. Naquele mesmo ano, ela voltou ao hospital com pneumonia, queda de saturação, vômitos e excesso de saliva, indicando envenenamento. Foi mostrado à menina comprimidos de chumbinho e ela disse que a mãe tinha colocado aquelas “balinhas” no iogurte dela.

A denúncia do MPMG diz ainda que a mulher não ficou satisfeita com a atenção recebida com a filha doente e decidiu matar a criança. Conforme a denúncia, ela confessou o crime ao escrever uma carta antes de uma tentativa de suicídio. A acusada perdeu a guarda da filha que ficou com o pai. O julgamento dela ocorre nesta terça no Fórum de Santa Luzia. A ré já foi ouvida, ainda haverá a fase de debates e  o julgamento pode ir até o fim da noite.

Mulher pode ter síndrome de Munchaüsen por Procuração; entenda a doença 

Ainda na denúncia do MPMG, há a suspeita que a mulher seja portadora da síndrome de Munchaüsen por Procuração, um transtorno psicológico em que a pessoa simula sintomas ou força o aparecimento de doença em outra pessoa para receber uma gratificação pessoal. Pessoas com essa síndrome inventam doenças e vão frequentemente ao hospital.

Um caso de Munchaüsen que ficou conhecido mundialmente e virou até mesmo série é o de Dee Dee Blanchard que adoecia sua filha Gypsy Rose. A menina chegou a ficar na cadeira de rodas por acreditar estar muito doente. Mãe e filha receberam ajuda financeira de várias pessoas e a história de Gypsy comovia os Estados Unidos, mas o que as pessoas não sabiam é que a jovem sofria muito com a mãe.

Aos 18 anos, Gypsy pediu a um namorado que ela conheceu na internet, já que não saia de casa, para matar Dee Dee e foi descoberto que a menina podia andar sem a cadeira de rodas e não estava doente. Dee Dee tinha fraudado laudos médicos e medicava a filha para ela ficar doente. A série ‘The Act’ conta a história das duas.

Fonte: O Tempo

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