Uma médica, de 45 anos, foi indiciada por homicídio culposo de uma criança de 4 anos. A vítima foi atendida em uma unidade hospitalar do município de Itanhomi, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, depois de ser picada por um escorpião.
O caso ocorreu em 16 de setembro de 2023. O menino de 4 anos foi medicado, mas não recebeu o soro antiescorpiônico, mesmo diante dos sintomas e da recomendação de outros profissionais de saúde, sendo que o antídoto estava disponível na unidade.
Conforme apurado, a médica optou por manter o paciente em observação e, em seguida, liberá-lo.
Por sugestão de outra profissional do hospital, a família decidiu levar a criança para Governador Valadares, município a 54 quilômetros de distância. A vítima foi encaminhada à UTI pediátrica, mas morreu no dia seguinte.
Após instaurar inquérito, a Polícia Civil realizou oitivas, perícias, coleta de documentos e o interrogatório da investigada. Também foi anexado aos autos o laudo do Instituto Médico-Legal (IML), que confirmou o nexo de causalidade entre a picada e o óbito, além de apontar negligência médica no atendimento inicial.
Com base nos elementos reunidos, ficou comprovado que a conduta da médica, além de contrariar os protocolos do Ministério da Saúde, evidenciou inobservância de regra técnica e desconsideração da vulnerabilidade da vítima.
Além do indiciamento por homicídio culposo, a PCMG também representou pela suspensão cautelar do exercício profissional da médica, por considerar que sua conduta demonstra despreparo técnico e psicológico, colocando em risco a vida de outras pessoas.
Para o delegado Rodrigo Luiz Nalon Moreira, “trata-se de uma tragédia que poderia ter sido evitada com o cumprimento dos protocolos básicos de atendimento. A investigação foi conduzida com rigor técnico, e os elementos indicam uma falha grave no exercício da medicina”.
O nome do hospital que atendeu a criança em Itanhomi não foi divulgado. A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina (CRM) sobre o caso e aguarda retorno.
Fonte: Bel Ferraz-Estado de Minas