De 2011 a 2021, Minas Gerais registrou 4.277 ‘homicídios ocultos’, de acordo com os dados do Atlas da Violência 2023, divulgados nesta terça-feira (5).
Os números, que se referem a mortes violentas sem causas determinadas, estão crescendo no Estado. Se em cinco anos, de 2011 a 2015, houve 1.685 registros do tipo, as ocorrências saltaram para 2.592 nos cinco anos que compreendem o período de 2016 a 2021, o que representa alta de 29,6%.
Conforme o documento destaca, as mortes violentas sem causas identificadas podem ser classificadas como homicídios, suicídios ou decorrentes de acidentes. Isso, segundo o material, implica em perda de qualidade dos dados, além de dificuldades para analisar corretamente os fenômenos violentos letais no Brasil.
Pesquisadora do Centro de Estudo de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ludmila Ribeiro ressalta que um dos gargalos está justamente na perícia e no trabalho dos médicos legistas. Conforme ela ressalta, é esse profissional quem atesta a causa da morte. Porém, muitas vezes, ela não é preenchida — e os motivos podem ser diversos, incluindo falta de conhecimento.
“Pode ser desde uma questão de má formação, até algo relacionado ao legista achar que não é o trabalho dele ou mesmo falta de integração com o trabalho policial, como a ausência de busca por mais informações”, diz ela.
Conforme Ludmila, isso acaba fazendo com que muitas vezes a queda no número de assassinatos seja celebrada, quando, na verdade, o cenário é menos positivo do que aparenta.
“No final das contas, pode muita gente estar celebrando queda dos homicídios quando, na verdade, há uma destruição do sistema de estatísticas e ausência de controle mais rígido sobre elas”, disse.
Fonte: O Tempo