O empresário Daniel Vorcaro é alvo de uma investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que apura sua suposta participação em um esquema de lavagem de dinheiro ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A suspeita envolve os investimentos feitos por Vorcaro no Clube Atlético Mineiro, por meio do Galo Forte FIP, fundo que detém participação na Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do clube. A informação foi revelada em reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo.

Segundo a matéria assinada pelo jornalista Rodrigo Capelo, que teve acesso aos documentos da investigação do MPSP, os aportes feitos por Vorcaro no Atlético estariam ligados a um esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio da facção criminosa. Os valores declarados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) — R$ 100 milhões em 2023 e mais R$ 200 milhões em 2024 — coincidem com os que constam na investigação.

Vorcaro adquiriu cerca de 26,9% da Galo Holding S.A., empresa responsável pelos direitos da SAF do Atlético. Ainda de acordo com a apuração, o Galo Forte FIP seria a sexta empresa na cadeia de lavagem de dinheiro identificada pela Promotoria.

A investigação está ligada à Operação Carbono Oculto, que visa desarticular um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, controlado por organizações criminosas. O foco do MPSP está nos diversos elos da cadeia de combustíveis, desde a importação até a comercialização, passando pela ocultação de lucros por meio de fintechs e fundos de investimento com múltiplas camadas de blindagem, o que dificulta a identificação dos verdadeiros beneficiários.

O valor utilizado por Vorcaro para investir na Galo Holding, segundo o MPSP, tem origem semelhante aos recursos movimentados por fundos já investigados na mesma operação. As transações eram feitas por instituições de pagamento, em vez de bancos tradicionais, o que dificultava o rastreamento dos valores.

Em nota oficial divulgada na manhã desta sexta-feira (17), o Clube Atlético Mineiro afirmou não ter conhecimento de qualquer irregularidade. O clube explicou que o Galo Forte Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia é devidamente registrado na CVM e administrado pela Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda, também registrada na autarquia.

“O Atlético não tem conhecimento de quaisquer irregularidades envolvendo esse fundo, que é acionista da Galo Holding S.A.”, declarou o clube.

Já o Banco Master, por meio de sua assessoria, esclareceu que não possui qualquer relação com os fundos Hans 95 e Olaf 95, mencionados na investigação. A instituição afirmou que essas estruturas não integram o grupo e não têm vínculo societário com o banco ou seus executivos. Ainda segundo o banco, o Galo Forte FIP é de propriedade de Daniel Vorcaro, pessoa física — informação considerada pública e já divulgada pela mídia após análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

A investigação segue em andamento no Ministério Público de São Paulo.

Com informações do Jornal O TEMPO

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