Municípios de Minas Gerais vão receber nesta quinta-feira (1º) cerca de R$ 120 milhões referente a compensação recorrente das perdas de arrecadação com o ICMS.

A informação foi repassada pelo presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Marcus Vinicius da Silva Bizarro, em entrevista ao Alerta Super. O repasse diz respeito à redução feita nas alíquotas do imposto sobre combustíveis, telecomunicações e energia elétrica a partir da Lei Complementar 194.

A norma foi sancionada em junho pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para frear aumentos de preços na gasolina e diesel no Brasil. O montante que será destinado nesta quinta diz respeito sobre os valores que não foram arrecadados com a cobrança do tributo sobre a gasolina, serviços de telecomunicações e energia elétrica em julho. Também está previsto, para a próxima semana, mais um repasse no valor de R$ 20 milhões, desta vez para recompor as perdas com o etanol que também teve a alíquota reduzida.

Conforme o presidente da AMM, a perda geral do Estado em julho, comprovada à União, foi de cerca de R$ 600 milhões. Mas diferentemente do que se imaginava, o repasse aos municípios não deve ser feito com caixa da União. O valor será abatido da dívida de Minas com a União, e caberá ao Estado fazer o repasse aos municípios com recursos próprios.

Nesta quarta-feira (31), o presidente e representantes da equipe econômica da AMM participaram de uma reunião na Cidade Administrativa com os secretários estaduais de Fazenda, Gustavo Barbosa, e de Governo, Juliano Fisicaro Borges, para tratar do assunto. “Olha, não ficou esclarecido (a origem da verba para a compensação aos municípios) porque não entrei nesse mérito, entrei no mérito que compete aos municípios que é os 25%. Se o Estado está sendo beneficiado com os 75% dele, nós queremos o nosso 25%. Mas provavelmente deve ser de recurso próprio do Estado”, explicou Marcus Vinicius na entrevista ao programa da Rádio Super 91,7 FM.

Ainda segundo o presidente da AMM, os repasses serão feitos até janeiro, contemplando as perdas ocorridas entre julho e dezembro deste ano. No entanto, a redução nas alíquotas do ICMS é permanente. “Todo mês o Estado tem que comprovar para a União quanto foi a perda. E assim comprovando faz a divisão aos municípios. Compensa na dívida e repassa para os municípios”, complementou.

Segundo Marcos Vinicius, a verba vai ajudar a recompor o caixa das prefeituras em um momento de aumento de gastos com pisos salariais aprovados e impactos inflacionários, mas que teve a arrecadação afetada com a redução tributária. “É um oxigênio que a gente já tinha perdido a esperança e teoricamente veio em boa hora”, celebrou.

Cálculos da Secretaria de Estado de Fazenda de Minas (SEF/MG), repassados à reportagem de O Tempo em junho estimavam que o governo estadual deixaria de arrecadar R$ 12 bilhões anualmente com as alíquotas reduzidas. Desse montante: R$ 3,4 bilhões levam em consideração apenas a arrecadação com combustíveis, R$ 1,1 bilhão com telecomunicações e R$ 6,8 bilhões com energia elétrica, segundo a pasta.

Somente para a educação, como noticiado por O Tempo, a queda na arrecadação tributária poderia resultar em uma perda de R$ 750 milhões anualmente. A reportagem pediu esclarecimentos da situação à Secretaria de Fazenda e aguarda esclarecimentos.

Entenda a compensação 

Em 20 de agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminar permitindo que outros três Estados possam compensar as perdas de arrecadação causadas pela lei que estabeleceu um teto para as alíquotas de ICMS sobre combustíveis.

A decisão do ministro Gilmar Mendes foi concedida na noite de sexta-feira (19), atendendo os pedidos de Acre, Minas Gerais e Rio Grande do Norte. O Supremo, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, no fim de julho, já havia permitido a compensação para São Paulo e Piauí por meio das perdas através de descontos nas parcelas das dívidas dos estados com a União. Alagoas e Maranhão também obtiveram decisões liminares no mesmo sentido.

As três decisões do ministro Gilmar Mendes permitem que os estados compensem as perdas de arrecadação a partir deste mês.

Fonte: O Tempo

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