A pré-campanha eleitoral para o pleito presidencial de 2026 já começou, mesmo que não se saiba quais serão os contendores. Os mais prováveis são Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro, o primeiro representando a Esquerda e o segundo, a Direita.
Primeira questão: se não forem candidatos, quem seriam seus herdeiros? Os nomes mais citados são: Fernando Haddad, Rui Costa e Camilo Santana, pela via da Esquerda; Geraldo Alckmin e Ciro Gomes, pela via Centro-Esquerda; e Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Ratinho Jr., pela via da Direita.
Este escrito se propõe uma análise das previsões de cada um, tendo como hipóteses a continuidade da polarização que divide, hoje, o país em duas bandas. Nesse caso, a disputa seria entre o lulopetismo e a oposição. Começamos com os dois principais protagonistas.
Lula – Fatores desfavoráveis
Corrupção – Será a temática central da campanha. O roubo dos aposentados e pensionistas do INSS, considerado o maior escândalo da história do Brasil, puxou para o governo Lula a pecha de governo corrupto, marca que vem se expandindo desde a Operação Lava Jato, na era Dilma (entre os anos 1914 e 1918).
Inflação – Analistas financeiros enxergam aumento da inflação nos próximos meses, o que significa corrosão do poder de compra dos consumidores. A expectativa do mercado para a inflação anual é de 5,53%. A Selic bateu o teto de 14,75% ao ano, o maior imposto desde 2006. Se os eleitores forem para urnas de bolso vazias, Lula arcará com as consequências.
União da Direita e desunião da Esquerda – A Direita mantém-se unida e deve entrar na campanha eleitoral de 2026 sem grandes rachaduras na sua base. Já a Esquerda está esgarçada. O PDT da Câmara deixou o Ministério de Lula, depois da saída do ministro Carlos Lupi; o PDT do Senado continua a apoiar o Governo. As divergências na área da Esquerda tendem a aumentar.
Imagem negativa – A imagem do governo Lula 3 ganha a pior taxa de avaliação em toda a história dos governos petistas. A tendência é de piorar.
Fadiga de material e cansaço – O Lula de ontem é o mesmo Lula de hoje. O governo não tem marca. Orado eleito está cansado de ver e ouvir as mesmas coisas. Lula padece do fenômeno “fadiga de material”. Mesmo sendo o ícone da esquerda, o presidente terá muitas dificuldades para aumentar o seu número de votos.
Bolsonaro – Fatores desfavoráveis
Inelegibilidade – A inelegibilidade do ex-presidente da República, decidida pelo TSE, proíbe que o ex-capitão disputa pleitos eleitorais, por oito anos, contados a partir das Eleições 2022. A Câmara debate a anistia para os baderneiros do 8 de janeiro de 2023. Se for aprovado, não passa pelo crivo do STF.
Saúde – A 7ª cirurgia de Bolsonaro deu o alerta. A condição de saúde do ex-presidente poderá inviabilizar sua candidatura.
Economia – Com a economia garantindo o bolso dos consumidores, controle da inflação, inflação severa aos ladrões dos aposentados e pensionistas do INSS, Bolsonaro verá diminuída sua chance de vitória. Lula, ao contrário, aumentou as chances.
Se Lula e Bolsonaro não forem candidatos, quem seriam seus substitutos? Por enquanto, estes são os mais referenciados:
– Fernando Haddad (PT), de São Paulo, ministro da Fazenda do governo Lula. Apontado como o mais honesto e, também, o mais bem avaliado no quesito “visão”, em pesquisa feita pelo Instituto AtlasIntel. Calcanhar-de-Aquiles: a gestão da economia. O ministro dá sinais de que pretende disputar o Senado por São Paulo.
– Camilo Santana (PT), do Ceará, ministro da Educação. Ponto negativo: desconhecido. Ponto positivo: sucesso pelo bom desempenho do setor da educação no Ceará, quando era governador.
– Rui Costa (PT), da Bahia, ministro da Casa Civil. Ponto negativo: desconhecido. Ponto positivo: sucesso do programa “Insegurança Alimentar”, quando governou a Bahia.
Pela área do Centro-Esquerda, vislumbram-se dois nomes:
– Geraldo Alckmin (PSB), de São Paulo, ex-governador de SP e atual vice-presidente da República. Considerado o mais competente e o mais experiente pelo Instituto AtlasIntel. Ponto positivo: moderado. Ponto negativo: apoiado pelo PT.
– Ciro Gomes (PDT), do Ceará, ex-governador, ex-ministro. Considerado o maior polemista da política. Pontos positivos: domínio da linguagem política e da linguagem econômica; experiência administrativa. Pontos negativos: linguagem desabrida, agressiva, e derrotada em quatro campanhas presidenciais.
Por parte da direita
– Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), bem avaliado nos quesitos competência, experiência, honestidade. Ponto negativo: apoio de Bolsonaro.
– Ronaldo Caiado, (União Brasil), de Goiás – Candidato à presidência da República em 1989 (teve menos de 1% dos votos), hoje é bem avaliado pelo eleitorado. Ponto negativo: pequena visibilidade, fator que pode ser corrigido na campanha de 2026, quando houver amplo tempo de exposição pública.
– Governador Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais- Empresário, apresenta-se como “perfil novo da política”. Governa um Estado, MG, que é o segundo maior colégio eleitoral do país (mais de 16 milhões de votos). Bem avaliado pelos mineiros, com mais de 60% de aprovação, de acordo com pesquisas recentes. Fator negativo: desconhecido.
– Ratinho Júnior (PSD), do Paraná. Bem avaliado pelos paranaenses – mais de 80% de aprovação -, conforme pesquisa recente Quaest. Ponto negativo: desconhecido.
A paisagem esboçada deverá ganhar retoques. O retrato acima captura apenas os perfis, hoje apontados pela mídia e/ou pelos partidos políticos como possíveis candidatos. A análise de soluções de protagonistas não leva em consideração um fator que pode desdizer tudo o que foi dito. Esse fator tem nome: o Imponderável.