Sexta-feira, 13, (olha ela aí), o mundo todo ficou estarrecido com os atentados em diversos pontos de Paris.

As redes de televisão por todo o mundo não falavam em outra coisa que não fosse os atentados. No Brasil, não foi diferente. Todo o tempo, em todos os jornais, em todos os canais foi uma verdadeira overdose de notícias sobre os atentados. O mais interessante são os comentários dos experts em terrorismo, contraterrorismo. Todos tem solução para os problemas e sabem o que ocorreu e o que há por vir.

Para os políticos brasileiros foi uma benção, pois os que até há quinze dias eram os alvos dos noticiários, nos últimos dias tiveram um alívio. Primeiro pelo desastre em Mariana e por último, os atentados. O assunto política para sorte deles fica esquecido. Pelo menos por enquanto.

Nós, brasileiros, não podemos ficar indiferentes aos fatos, mas também não podemos torcer o nariz para os atentados diários que acontecem em nosso país. São atentados silenciosos que matam dezenas de pessoas por dia na fila do SUS (para muitos, susto); em nossas rodovias cada vez piores; pela violência do dia-a-dia, pela fome, entre outras mazelas. Diariamente mata-se mais que os atentados na França. Mas são mortes silenciosas, a mídia não se interessa por elas. Não dão ibope! Somente a polícia de São Paulo, de janeiro a agosto deste ano, matou cerca de 570 pessoas durante operações. Os dados são da ouvidoria das polícias, quase cinco vezes mais o que se matou na França na última sexta-feira.

Não, nossos atentados não têm a pirotecnia dos atentados na França e nem em outras partes do mundo. Ainda sofremos calados os desmandos, a roubalheira que mata silenciosamente. Sorte dos políticos que, enquanto houver o tsunami de lama de Mariana e os tiros dos fuzis AK-47 em Paris, pelo menos por alguns dias eles poderão dormir sossegados. As lentes de TV, os comentaristas de plantão e os experts em atentados os deixarão em paz.

Enquanto isso, o dinheiro continua a ser desviado, as pessoas continuam morrendo nas filas, a polícia despreparada continua matando. E os políticos? Ah, esses continuam fazendo o que sempre fizeram. Todo brasileiro sabe o quê.

O dia de hoje passou e, até que a lama de Mariana não chegue aos palácios dos governos (lá já tem lama demais) e as bombas não comecem a explodir em suas portas, o povo, as vítimas de todos os dias que se danem.

Assim vamos olhando para o umbigo do mundo e esquecemos dos nossos problemas. Dos nossos atentados diários. Qual grande nação vai nos ajudar? Vai nos salvar de nós mesmos?

 

 

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