Não se aprende nas faculdades de Teologia que o Antigo Testamento de nossas Bíblias não é o mesmo que Jesus lia, foi muito alterado pelos judeus massoretas e quando Jerônimo gerou a Vulgata, creu que a versão hebraica fosse correta. Só que os manuscritos dos essênios descobertos em Qumran, perto do Mar Morto, mostram o contrário. Aliás, eles tinham também a Septuaginta, certamente porque toda tradução é uma interpretação e o hebraico daquela época era muito difícil de entender, ao contrário do grego.

Decerto Jesus aprendeu o grego koiné, já que viveu no Egito até os dez anos e Alexandria era a cidade que mais tinha judeus. Também é crido que ele e João Batista tiveram alguma passagem pelos essênios e podem ter sido nazireus (consagrados a Deus, vivendo em penitência por um período), e Jesus não necessariamente era somente nazareno (de Nazaré). Aliás, os cristãos eram chamados de “seita dos nazarenos” (At 24,5).

Todos os ritos importantes que os católicos seguem hoje vêm dos primeiros cristãos, dos escritos do Novo Testamento e da Patrística (que os evangélicos deveriam estudar também, como fazem os protestantes). Os Sacramentos (mistérios no grego) são a base do cristianismo e é dito que foi o próprio Jesus quem os instituiu, os Pais da Igreja apenas modelaram.

A começar pelo Batismo de João, que era o rito da purificação feito no Rio Jordão. Batismo ( βάπτισμα , mergulho em grego). Encontramos no Levítico, Números e Deuteronômio, três ritos com a água limpa e potável, na forma de aspersão, efusão e imersão. João fazia imersão, como Eliseu (2 Rs 2,9ss), por conveniência, não porque seja a melhor forma. Jesus instituiu o Batismo como rito inicial, mas não batizava (Jo 4,2). O batismo de criança já acontecia no início, conforme Ireneu de Lião (202 d.C.) em Contra as Heresias II-24,4, e ainda Cipriano de Cartago (258 d.C.). Afinal, é preciso nascer de novo (Jo 3,3).

O Crisma ou óleo era usado no rito para consagrar sacerdotes, reis e líderes como Josué (o primeiro Jesus na Septuaginta, cujo nome original era Oseias). Após o rito, estavam ungidos, ou seja, estavam cristos. O nosso Jesus não foi crismado usando óleo, mas pelo próprio Espírito de Deus (Mt 3,16-17, Mc 1,10-11, Lc 3,21-22). Jesus crismou seus discípulos no Pentecoste, sem óleo, que só foi resgatado no rito depois, conforme atesta Hipólito de Roma (235 d.C.) em Tradição Apostólica (n. 52-54)
Jesus também instituiu o matrimônio indissolúvel, exceto no caso fornicação (Mt 19,9).

No original em grego está escrito “porneia” ( πορνεί ᾳ), fornicar, pecado sexual cometido por solteiros e não “moikatai” ( μοιχ ᾶ ται ), adultério, pecado sexual do casado, traição. Em Antioquia, da Síria, o casamento entre irmãos fazia parte da cultura local, como no Egito, portanto, era um casamento inválido.

Jesus ainda instituiu a Ordem, a Cura e a Eucaristia, o pão e o vinho consagrados: Jesus tomou um pão, deu graças ( ε ὐ χαριστήσας, eucaristesas ), partiu-o e distribuiu-o a eles dizendo: “Isto é o MEU corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. E, depois de comer, fez o mesmo com o cálice (Lc 22,7-20).

 

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