Lideranças do Partido Liberal (PL) têm orientado o deputado federal Eduardo Bolsonaro a evitar confrontos com figuras do Centrão, especialmente em um momento delicado em que a Câmara dos Deputados analisa um pedido de cassação de seu mandato.
A recomendação veio após uma discussão pública entre Eduardo e o senador Ciro Nogueira (PP), ocorrida na segunda-feira (13). Ciro, presidente do Progressistas, acusou o deputado de causar prejuízo eleitoral à direita por conta de suas articulações nos Estados Unidos em favor de sanções contra o Brasil. Em resposta, Eduardo afirmou que o verdadeiro prejuízo seria para o “plano pessoal” de Ciro, que estaria se movimentando para compor uma chapa como vice-presidente em 2026. O parlamentar também acusou o senador de confundir seus interesses com os do país.
As declarações de Eduardo repercutiram publicamente o que já circulava nos bastidores do bolsonarismo sobre as articulações de Ciro Nogueira para as eleições de 2026. O presidente do PP também foi alvo de críticas do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), pré-candidato à Presidência, com quem trocou farpas nas redes sociais.
No caso de Eduardo Bolsonaro, a troca de acusações com Ciro Nogueira gerou preocupação dentro do PL por dois motivos. O primeiro é o impacto direto na análise de seu processo no Conselho de Ética da Câmara. A avaliação é de que confrontar líderes do Centrão pode gerar resistência entre os parlamentares que decidirão sobre a manutenção de seu mandato.
A votação da representação contra Eduardo está prevista para a próxima semana. O relator do caso, Delegado Marcelo Freitas (União-MG), já se manifestou favorável ao arquivamento de um dos processos. No Conselho de Ética, partidos do Centrão — como Republicanos, PSD, MDB, Podemos, PP e União Brasil — ocupam 12 das 21 cadeiras. O PL tem quatro representantes, enquanto PT, PSOL e PDT somam cinco.
Além da preocupação com o processo de cassação, o PL busca manter boa relação com o Centrão por razões estratégicas. PP e União Brasil têm sido aliados importantes na articulação contra pautas do governo Lula no Congresso. Ambos os partidos apoiaram o requerimento de urgência da proposta de anistia e anunciaram o rompimento com o governo — embora os ministros André Fufuca (PP) e Celso Sabino (União) tenham permanecido nos cargos.
Com informações do Estado de Minas