A Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai e a Polícia Federal do Brasil deflagraram na manhã desta terça-feira (19) uma operação com o intuito de desarticular uma organização criminosa que atua na fronteira dos países, traficando drogas e armas e responsável por uma série de assassinatos.
Segundo os dois órgãos, o bando “pratica diversas ações violentas inspiradas nos principais cartéis mexicanos”. Os agentes conseguiram prender nove criminosos, incluindo um dos líderes do grupo, logo no início da Operação Ignis. Ele foi identificado como Ricardo Luis Picolotto, o R7.
Apontado um dos principais fornecedores de armas para o Primeiro Comando da Capital (PCC), o brasileiro R7 foi encontrado pelos policiais em uma casa de luxo em La Paloma, no departamento paraguaio de Canindeyú. No imóveis havia armas, munições, rádios e diversos celulares, que foram apreendidos.
A PF informou que “o indivíduo preso é tido como um dos grandes fornecedores de armas e drogas para criminosos que atuam no Rio de Janeiro, e seu grupo operava grandes esquemas de tráfico internacional que tinham como destino o Brasil”.
Além do Brasil, o grupo também tinha conexões com criminosos bolivianos, peruanos, mexicanos e colombianos. O bando comandado por R7 recebia cocaína da Bolívia por meio de voos feitos por pequenas aeronaves e remetiam a droga ao Brasil por terra e ar. Apenas pela via terrestre, dedicavam-se ao envio de armas e maconha.
“A organização criminosa desarticulada também se caracterizava por ações de extrema violência contra facções rivais e contra policiais e militares das Forças Armadas, tanto brasileiras quanto paraguaias”, destacou a PF.
Uma das lideranças conseguiu fugir antes da chegada da polícia
Outra liderança do grupo investigado, o paraguaio Felipe Santiago Acosta Riveros, mais conhecido como “Macho”, conseguiu fugir dos policiais. “Felipe tem um perfil um pouco mais ostentoso, gosta de exibir veículos de alto padrão, expor suas armas por todo o departamento de Canindeyú. Ou seja, faziam o que queriam no departamento. Então eram dois dos nossos objetivos principais, um deles já temos e o segundo é atualmente um fugitivo”, disse Jalil Rachid, ministro responsável pela Senad, em entrevista no Paraguai.
Ele já era considerado foragido da Justiça Federal brasileira pelo envolvimento no assassinato de um militar do exército brasileiro em 2020, ao resistir a uma abordagem realizada por militares a uma das embarcações do grupo, que navegava no Rio Paraná carregada com mais de meia tonelada de maconha. O nome do assassino está na Difusão Vermelha da Interpol.
No Paraguai, ele ainda é acusado pelo assassinato de um policial e por promover diversos ataques a tiros a delegacias, além de operações de resgate de presos.
Agentes apreendem armas de guerra
Além de prender um dos líderes do bando, na ação desta terça-feira foi apreendido um grande e pesado arsenal, em uma área rural na zona de Salto del Guairá, no Paraguai, próximo à fronteira brasileira.
Entre as armas apreendidas estão fuzis, uma metralhadora antiaérea e grande quantidade de munição. Também foram destruídas pistas clandestinas de pouso usadas para envio de cocaína e armas ao Brasil.
“A ação, considerada sensível e de grande importância estratégica para a região, em razão do forte poder bélico do cartel desarticulado e da logística empregada para o tráfico internacional de drogas e armas, é realizada por meio da cooperação policial entre a Senad, no Paraguai, e a Polícia Federal do Brasil”, ressaltou a PF.
Fonte: O Tempo