Lembro ainda hoje do que aprendi no Tiro de Guerra no caso de uma guerra atômica em 1981. É claro que, aos dezenove anos, eu já sabia que os militares que fizeram a apostila não entendiam muito de energia nuclear ou queriam enganar os soldados, mais provável, já que conhecemos os efeitos da radiação em Hiroshima e Nagasaki.

Com os Estados Unidos da América jogando xadrez nuclear com a Rússia, na verdade, empenhado em aniquilar de vez esse anão nuclear, precisamos de um plano de contingência. A Ucrânia não tem alternativa, ou luta, ou capitula. A Rússia é a cabeça e herdeira da antiga União Soviética, mas com um PIB de apenas USD$ 1,829 trilhão (FMI), menor que o Brasil que é de USD$ 1,833 tri, e nem se compara com os EUA ($ 25,3) ou com a China ($ 19,9).

De acordo com a Federação dos Cientistas Americanos, os russos têm 5.977 ogivas, os EUA têm 5.428 e a China, só 350 (prefere ganhar a guerra econômica, ideia contrária dos milicos que acham que o Brasil precisa de arma nuclear para garantir a soberania). Ao apoiar a Rússia, fica claro que os chineses também querem acabar com o anão nuclear. Afinal, manter operacional uma arma atômica custa muito caro.

A grande questão é entender se em uma guerra nuclear o Brasil é ou não um alvo. Assim, torna-se necessário mostrar aos países belicosos que nossa pátria é neutra e está comprometida com o socorro internacional e a manutenção da paz (o que é verdade, como já fez no Egito, Líbano e Haiti).

Quem é mais velho lembrará certamente do filme “O Dia Seguinte” de 1983, filme que aterrorizou o mundo mesmo mostrando apenas os efeitos que vimos no Japão. Se muitas bombas atômicas explodirem, acontecerá um fenômeno pouco conhecido, que é chamado de Inverno Nuclear, ou seja, uma quantidade enorme de partículas seria lançada na alta atmosfera, que formaria uma barreira para os raios solares, parecido com as grandes ejeções vulcânicas, e que esfriaria a Terra por anos, causando uma grande extinção.

Seja como for, precisamos informar a população sobre o que fazer em caso de alguma explosão nuclear em território nacional. Quais serão os pontos de abrigo? Como cada cidadão deve proceder? Quem prestará socorro ao local? Que equipamentos devem ser utilizados? Quem fará o policiamento para evitar saques ou fuga descontrolada? Qual será a força para controlar distúrbios? Quais as prioridades no atendimento aos feridos? O que fazer com os agonizantes? Qual o papel de padres, pastores e religiosos?

E no caso de um inverno nuclear, quem protegerá nossas reservas de alimentos que estão em supermercados e depósitos? Qual a estratégia para gerenciar? Quantos policiais ad hoc serão precisos para controlar as cidades e impedir o caos?

Está mais que claro que é preciso saber exatamente o que e quanto está estocado em lojas e depósitos, quais recursos humanos e de transporte estão disponíveis por região, que meios de comunicação devem ser utilizados para mobilizar cidadãos. Obviamente, estas informações devem estar descentralizadas e em mãos mais competentes que aquele general de intendência. Em suma, não olhar para cima, não evita o martelo de Deus (A.Clarke)!

 

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