A greve dos professores da rede municipal de Belo Horizonte seguirá por tempo indeterminado. A decisão foi tomada por cerca de 2 mil educadores em assembleia realizada nesta terça-feira (24 de junho), na Praça da Estação, no centro da capital, após uma reunião de conciliação frustrada com o Executivo. A paralisação completa 19 dias com mais de 90% das escolas municipais sem aulas.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind‑REDE/BH), foi realizada uma reunião de negociação com representantes das Secretarias Municipais de Educação e de Planejamento, Orçamento e Gestão, na manhã de hoje. A prefeitura ampliou a proposta anterior com a convocação de 367 professores para o Ensino Fundamental (1º e 2º ciclos), mas manteve o reajuste de 2,49% — principal crítica da categoria.

O índice de 2,49% não repõe sequer as perdas inflacionárias do último período. [Os representantes] reconheceram perdas acumuladas nas gestões de Kalil e Fuad e disseram que se comprometem a recompô‑las até o final do mandato de Álvaro Damião (União Brasil), em 2028. No entanto, não reconheceram as perdas anteriores, nem aquelas decorrentes da desestruturação da carreira ou as perdas dos aposentados”, afirma o Sind‑REDE/BH, por meio de nota.

A continuidade da greve foi aprovada por unanimidade pelos professores. Por isso, uma nova rodada de negociações com a prefeitura foi marcada para esta quarta-feira (25 de junho).

A próxima assembleia geral da categoria acontecerá na quinta-feira (26 de junho), às 14h, sem previsão de retorno às aulas até essa data.

Greve dos professores: reivindicações 

A paralisação é motivada, principalmente, pela rejeição ao reajuste salarial de 2,49% proposto pela prefeitura — percentual que, segundo os profissionais da educação, está abaixo da inflação e do Piso Nacional do Magistério.

Os profissionais também reivindicam: a contratação imediata de professores — especialmente nas EMEIs —; a reestruturação da carreira; a redução do número de alunos por sala; a ampliação do tempo de planejamento; e a paridade nos reajustes para os aposentados.

O que diz a PBH? 

Segundo a Prefeitura de BH (PBH), o índice de 2,49% recompõe toda a inflação acumulada entre janeiro e abril de 2025. O percentual não considera a inflação de 2024, o que é justificado com a alegação de que, no ano passado, foi concedido um reajuste de 8,04% — valor superior à inflação registrada no mesmo período (4,77%). “Assim, toda a inflação de 2024 já foi incorporada, e ainda houve ganho real”, argumenta a prefeitura.

O Executivo justifica ainda que o reajuste de 2,49% representa o limite orçamentário para despesas dessa natureza e garante “a sustentabilidade financeira do Município”. O impacto anual do reajuste proposto com o aumento do vale-refeição para R$60 e outras demandas especificas seria de R$ 493 milhões, sendo R$ 156 milhões somente para a Educação.

O índice de correção, conforme o INPC, será aplicado de forma retroativa a maio e contemplará tanto os servidores ativos, quanto os aposentados e pensionistas. A recomposição incidirá sobre os salários, vencimentos, gratificações, abonos e benefícios“, afirmou a PBH.

Fonte: Isabela Abalen/ O Tempo

 

 

 

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