Uma pesquisa inédita realizada pela Loft, em parceria com a Offerwise, aponta que 28% dos moradores de Minas Gerais que vivem de aluguel já atrasaram ou conhecem alguém que atrasou o pagamento do aluguel por causa de apostas ou jogos de azar online. O índice é ainda maior entre as classes C e D, chegando a 38%.
O levantamento ouviu 1.300 inquilinos entre 26 de setembro e 6 de outubro de 2025. Além da pergunta sobre atraso no pagamento, a pesquisa incluiu questionamentos sobre dificuldade em pagar o aluguel em função das apostas. Dos entrevistados, 6% admitiram ter atrasado o aluguel, mas regularizado a dívida posteriormente; outros 6% confessaram ter deixado de pagar o aluguel; e 13% relataram ter tido dificuldades, embora sem atrasos.
Segundo Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft, a metodologia incluiu perguntas objetivas e indiretas para garantir maior conforto aos entrevistados ao abordar um tema delicado. “O estudo mostra que o impacto das apostas nas finanças dos mineiros se manifesta em todos os recortes de gênero, raça e escolaridade, mas há maior influência da renda familiar e da região onde moram. Pessoas com menos estabilidade financeira e em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos são as mais vulneráveis”, afirma Takahashi.
A faixa etária de 25 a 34 anos apresenta o maior índice, com 36% dos entrevistados relatando atrasos ou conhecimento de atrasos, enquanto as faixas de 35 a 44 anos e acima de 45 anos registram 28% e 29%, respectivamente. Regionalmente, o interior do estado sofre mais com o problema (36%) do que a capital (12%) e a região metropolitana (30%).
Quanto ao comportamento dos apostadores, 32% gastam até R$ 50 por mês com jogos, enquanto 13% chegam a gastar até R$ 300. A prática é recente para 52% dos apostadores, que começaram a jogar há menos de um ano. Em perdas financeiras, 32% dizem ter perdido até R$ 50 nos últimos 12 meses, e 10% mais de R$ 500. Mesmo entre pessoas sem fonte de renda própria, 67% registraram prejuízos de até R$ 50 e 33% perdas de até R$ 100.
O estudo revela ainda que 55% dos mineiros acreditam que apostas online são nocivas para a sociedade, e 78% associam a prática ao aumento do endividamento familiar. Embora 30% vejam as apostas como lazer saudável quando moderadas e 28% como forma de renda extra, a grande maioria defende regulamentação mais rígida para o setor (83%) e reconhece que a maioria das pessoas perde dinheiro com jogos online (81%).
Esses dados indicam que, apesar da popularidade crescente das apostas digitais, os riscos financeiros e sociais associados ainda preocupam grande parte da população mineira, especialmente os grupos mais vulneráveis.
Com informações do jornal O Tempo