O rei Charles III protagonizará um marco histórico nas relações entre a Igreja Anglicana e a Igreja Católica: será o primeiro monarca britânico em quase 500 anos a rezar publicamente com um papa. A ocasião está marcada para a próxima quarta-feira, 22 de outubro, durante um serviço ecumênico na Capela Sistina, no Vaticano, ao lado do papa Leão XIV. A rainha consorte, Camilla, acompanhará o rei na cerimônia.
A visita representa um avanço significativo desde a ruptura oficial entre as duas igrejas em 1534, quando o rei Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e criou a Igreja Anglicana para anular seu casamento com Catarina de Aragão. Desde então, nenhum monarca britânico havia participado de uma oração pública com um papa.
Durante a visita ao Vaticano, Charles e Camilla também estarão na Basílica de São Paulo Fora dos Muros — local historicamente ligado à coroa inglesa. Em um gesto simbólico, o rei foi nomeado “confrade real” da abadia, título sugerido e aprovado pelo próprio pontífice. Para marcar a homenagem, foi criado um assento especial com o brasão de Charles, que será usado pelo monarca durante um serviço ecumênico na basílica e permanecerá no local como herança para seus sucessores.
“Esta será a primeira visita de Estado, desde a Reforma, em que o papa e o monarca rezarão juntos em um serviço ecumênico na Capela Sistina, e a primeira vez que o monarca participará de um serviço na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, uma igreja com uma conexão histórica com a coroa inglesa”, declarou um porta-voz do Palácio de Buckingham ao jornal britânico The Guardian.
A Igreja da Inglaterra também destacou a importância do momento, afirmando que o título de confrade real “não confere deveres ou obrigações ao rei, nem altera sua posição constitucional e eclesiástica como governador supremo da Igreja da Inglaterra”, mas representa uma homenagem ao esforço de Charles em promover o diálogo inter-religioso ao longo das décadas.
A visita de Charles segue os passos de sua mãe, a rainha Elizabeth II, que em 1961 foi a primeira monarca britânica desde a Reforma Protestante a realizar uma visita oficial à Santa Sé. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, em meio aos conflitos e à instabilidade global, “o relacionamento do Reino Unido com a Santa Sé é mais importante do que nunca – e esta histórica visita de Estado será um momento-chave para fortalecer esse relacionamento”.
O encontro entre rei Charles III e o papa Leão XIV é visto como um gesto simbólico de reconciliação entre as duas tradições cristãs e marca um novo capítulo nas relações diplomáticas e religiosas entre o Reino Unido e o Vaticano.
Com informações da Revista Veja