Uma vacina contra a chikungunya desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a empresa francesa Valneva se mostrou segura e com alta resposta imune com apenas uma dose, de acordo com estudo publicado na revista The Lancet. O imunizante, que está na fase 3 de testes, é o único em estado avançado de pesquisa no mundo. Ainda não há prazo para a vacina ser distribuída.
O estudo envolveu 43 centros de pesquisa dos Estados Unidos e mais de 4 mil participantes adultos e idosos. Transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, o vírus circula em mais de 110 países. Entre 2021 e 2022, o Brasil apresentou um aumento de mais de 100% nos casos da doença, conforme o Ministério da Saúde.
A análise da resposta imune da vacina foi feita em um subgrupo de 362 voluntários (266 do grupo vacinado e 96 que receberam placebo). Segundo o estudo, o imunizante induziu produção de anticorpos neutralizantes em 99% dos indivíduos após 28 dias da vacinação. Nesse período, os títulos de anticorpos aumentaram 471 vezes.
A proteção foi mantida em 96,3% dos participantes mesmo após seis meses da aplicação da vacina, com níveis de anticorpos neutralizantes aumentados em 107 vezes em comparação com o início do estudo (pré-vacinação). Os pesquisadores seguirão acompanhando os voluntários por cinco anos para avaliar a manutenção da resposta imune.
Efeitos adversos
Segundo o estudo, a vacina foi bem tolerada por toda a população testada, tanto em adultos jovens quanto em idosos. A maioria dos eventos adversos foi leve e passageira, sendo os mais comuns dor de cabeça, fadiga e dor muscular. Somente dois eventos adversos graves foram registrados e ambos os participantes se recuperaram totalmente.
Testes no Brasil
Dez centros de pesquisas brasileiros, entre eles os de São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG), estão participando de um ensaio clínico paralelo, conduzido pelo Butantan, para testar a vacina em 750 adolescentes de 12 a 17 anos. As regiões foram escolhidas por apresentarem alta circulação do vírus da chikungunya.
Como os Estados Unidos não são uma região endêmica para chikungunya, ou seja, não têm uma população exposta frequentemente ao vírus, ainda não se sabe o efeito da vacina em pessoas com imunidade pré-existente.
Fonte: Itatiaia