Pecuaristas de Minas, Alagoas, Amazonas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rondônia e Roraima devem ficar de olho no Calendário Nacional de Vacinação. Esse mês, a imunização contra a febre aftosa deverá ser feita em animais de até 24 meses.  Para as 11 unidades da Federação (BA, ES, GO, MG, MS, MT, RJ, SE, SP, TO e DF), que compõem o Bloco IV do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa (PE-PNEFA), a vacinação em novembro será para bovinos e bubalinos de todas as idades. Ao todo, esse bloco totaliza 141 milhões de animais a serem vacinados.

A inversão das estratégias de vacinação em alguns estados foi adotada em abril pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com objetivo de equacionar a demanda de vacinas contra febre aftosa com o cronograma previsto de produção da indústria e, assim, garantir a oferta de vacinas para manter os índices satisfatórios e a imunidade do rebanho nacional em dia.

Luta contra a doença começou na década de 60

O superintendente de Relações Institucionais da Federação da Agricultura Pecuária e Abastecimento (FAEMG), Altino Rodrigues Neto, explica que o controle da febre aftosa no Brasil começou em 1963. Na época, usava-se a vacina aquosa que continha três vírus: o A, o O e o C e a aplicação era feita em três doses anuais. Essa fase, segundo ele, durou 29 anos – de 1963 a 1992 – quando foi lançado o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa – o PNEFA.

A partir de 1994, o Mapa tornou obrigatória a utilização da vacina oleosa, considerada mais adequada, e várias ações foram implementadas para melhorias dos serviços veterinários oficiais com treinamento de pessoal, estruturação de laboratórios “muito importantes para os testes das vacinas e diagnósticos” e criação das agências estaduais de defesa. “Todo esse processo foi aumentando o conhecimento e tornando o serviço de Defesa Sanitária Animal do Brasil, um dos melhores do mundo”, disse Rodrigues.

Passadas todas essas fases de estruturação, foi lançado o Plano Estratégico do PNEFA de 2017 a 2026 que prevê o Planejamento de uma substituição gradual da vacinação por ações de vigilância com envolvimento do serviço oficial, do setor privado, dos produtores rurais e agentes públicos. Desde então, o Mapa vem executando um rigoroso sistema de auditagem denominado Quali-SV que visa aferir a qualidade dos serviços veterinários estaduais de defesa utilizando instrumentos e diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal.

Esse instrumento, de acordo com o superintendente, avalia a capacidade do órgão oficial em dar respostas imediatas a um episódio sanitário que, por ventura, possa ocorrer. “O mais importante é sabermos que existe muito estudo e ciência por trás dessa proposta de erradicação, aplicada ao longo desses 60 anos para que pudéssemos chegar a esse momento”, destacou.

Aquisição deve ser em revendas autorizadas

As vacinas devem ser adquiridas nas revendas autorizadas e mantidas entre 2°C e 8°C, desde a aquisição até o momento da utilização – incluindo o transporte e a aplicação, já na fazenda. Devem ser usadas agulhas novas para aplicação da dose de 2 ml na tábua do pescoço de cada animal, preferindo as horas mais frescas do dia, para fazer a contenção adequada dos animais e a aplicação da vacina.

Além da vacinação, o produtor deve fazer a comprovação junto ao órgão executor de defesa sanitária animal de seu estado. A declaração da vacina pode ser entregue de forma online ou, quando não for possível, presencialmente nos postos designados pelo serviço veterinário estadual nos prazos estipulados. Em caso de dúvidas, a orientação é para que procurem o órgão executor de defesa sanitária animal de seu estado.

Processo de retirada da vacinação

Após a etapa de novembro de 2022, sete unidades da Federação do Bloco IV do PE-PNEFA – Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins – farão a suspensão da vacinação contra a febre aftosa. Ao todo, serão aproximadamente 114 milhões de bovinos e bubalinos que deixarão de ser vacinados, o que corresponde a quase 50% do rebanho total do país.

A ação faz parte da evolução do projeto de ampliação de zonas livres de febre aftosa sem vacinação no país, previstas no PE-PNEFA.

Nesse momento de evolução sanitária da doença, não haverá restrição na movimentação de animais e de produtos entre os estados do Bloco IV que terão a vacinação suspensa a partir de 2022 e os demais estados que ainda praticam a vacinação no país.

O Departamento de Saúde Animal do Mapa aguarda a evolução nos demais estados para compor o pleito brasileiro para o reconhecimento internacional de Zona Livre Sem Vacinação junto à Organização Mundial da Saúde Animal.

Atualmente, apenas os estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso possuem a certificação internacional de Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação.

(*) Com informações do Mapa.

 

 

Fonte: Itatiaia

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