Após seis anos, macacos bugio voltaram a ser vistos na área do Parque Estadual Nova Baden, em Lambari, no Sul de Minas. Eles estão na categoria “vulnerável” de listas nacionais e internacionais de animais ameaçados de extinção. O registro entusiasma biólogos.

A espécie não era encontrada desde meados de 2017, quando ocorreu um surto de febre amarela no território mineiro. A família de bugios foi fotografada na porção da Serra das Águas pelo advogado e graduando em biologia, Guilherme Brandão.

Fui surpreendido por um breve ronco e, ao apontar a câmera fotográfica para o alto das araucárias, vi esse grupo de primatas. Rapidamente, observei que não se tratavam dos macacos-pregos habitualmente vistos. Eram os bugios, retornando ao habitat natural da Mata Atlântica“, contou Brandão.

Segundo o primatólogo, Rogério Grassetto, o som emitido pela espécie é muito característico e extremamente potente. “Quando os bugios diminuem muito de densidade, não ouvimos o ronco deles. Eles têm uma vocalização muito alta, que chega a atingir mais de 90 decibéis e pode ser ouvida a até 2 quilômetros de distância. Eles têm um pequeno osso na garganta que ajuda a amplificar esse som“, explica o professor na Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL) e conselheiro do Parque Estadual Nova Baden.

Grassetto acrescenta ainda que quando eles não estão emitindo o ronco, fica difícil localizá-los, já que se deslocam pouco e lentamente. “Descansam boa parte do dia por conta de sua dieta baixa em calorias. A maior parte dos indivíduos são amarronzados e, quando estão descansando, fica difícil vê-los. Esse registro do bando é uma excelente notícia“, avalia.

Os animais são vegetarianos, com alimentação a base de folhas e frutas. Os visitantes do parque não devem dar qualquer tipo de comida a eles, justamente para evitar a transmissão de doenças, entre as quais a febre amarela.

O primatólogo reforça que esses animais não são responsáveis pela transmissão da febre amarela. “São extremamente sensíveis à doença e houve uma mortandade generalizada em muitos locais. Infelizmente, isso foi acompanhado por algumas mortes de humanos e acreditava-se que os bugios estavam trazendo a febre amarela. Mas, na verdade, esses primatas apenas sofrem com a doença. Eles não são migratórios e são fiéis à sua área de vida. Então, quem traz a febre amarela são os humanos para eles.

A vulnerabilidade dos bugios à febre amarela é um reforço para que as pessoas se sensibilizem para a vacinação e contribuam para a proteção da fauna silvestre“, acrescenta a bióloga Evânia Santana, analista ambiental do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e gerente do Parque Nova Baden.

 

O parque

O Parque Estadual Nova Baden, Unidade de Conservação gerida pelo IEF, está situado na Serra das Águas de Lambari, parte da Serra da Mantiqueira. A área foi protegida em 1974, com a criação de uma reserva biológica. Em 2024, o parque completará 30 anos de criação e já se prepara para as comemorações. A região possui rica diversidade de espécies de répteis, mamíferos, aves, anfíbios e insetos.

 

Fonte: Hoje em Dia

 

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