Rico Melquiades, Juju Salimeni, Juliana Ferrari, Mel Maia, Viih Tube, Mc Kauan e Jon Vlogs são alguns dos influenciadores investigados pela Polícia Civil de São Paulo pela divulgação de jogos de azar – prática que é proibida no Brasil e difere de casas de apostas esportivas, atividade permitida no país. Entenda a diferença abaixo.
Os influenciadores foram mencionados na matéria do “Fantástico”, que foi ao ar no domingo (17), na TV Globo. Na reportagem, alguns deles aparecem, supostamente, em uma partida de Crash, o conhecido “jogo do aviãozinho” disponível na Blaze.
Neste jogo, os apostadores precisam decidir quando parar o voo. Se aparecer a palavra “crashed”, todo o valor investido está perdido. Além disso, a plataforma traz jogos como Mines, Tower, Double e o conhecido Fortune Tiger – o jogo do tigrinho.
Luciano Samara Tuma Guaretta, delegado responsável pela investigação, explica que os jogos de azar são “uma contravenção penal e o influenciador que faz essa propaganda é mecanismo essencial para isso”.
Além de endividamentos e até impactos na saúde mental, outros apostadores alegam que a plataforma não costuma pagar quando se ganha. Em um dos casos, uma pessoa, que não teve o rosto exibido na reportagem, diz ter ganhado mais de R$ 100 mil, mas recebido apenas R$ 20 mil. Por isso, a empresa também está sendo investigada por suspeita de estelionato.
De setembro até este mês, a Justiça de São Paulo bloqueou R$ 101.753.826,43 da Blazer, determinou que site fosse retirado do ar, mas a ordem judicial não surtiu efeito. A Blazer ainda não tem sede e representantes legais no Brasil, o que tem dificultado a investigação. Porém, como há exploração e efeitos no país, a lei brasileira é aplicável ao caso.
De acordo com a polícia de São Paulo, relatórios financeiros indicam que parte do dinheiro é destinada a três brasileiros, que são donos ocultos da empresa e não tiveram as identidades reveladas.
Em nota enviada ao “Fantástico”, a Blaze destacou que tem sede em Curaçao e que o caso “não configura infração penal”, “ainda que apostadores sejam brasileiros.” Eles também mencionam outro caso semelhante em que o Ministério Público de São Paulo pediu arquivamento do inquérito policial – o juiz revogou a decisão de bloqueio do site.
Aposta esportiva não é jogo de azar; entenda diferença
Conhecidas como “bets”, as casas de apostas são permitidas no país, já que o apostador sabe que se ele acertar, ele receberá por isso. Diferente de jogos de azar, onde a pessoa conta apenas com a “sorte” para ganhar dinheiro.
O site da Blaze, além do campo de “bets” – esta regulamentada -, possui uma área chamada “cassino”, sendo esta ilegal desde 1946, quando o então presidente Eurico Gaspar Dutra argumentou que a atividade era “degradante”.
Na última semana, o Senado aprovou o Projeto de Lei 3.626/2023, que regulamenta as “bets”, que inclui, além das apostas esportivas, os jogos de fantasia – ou seja, quando o participante escala nomes de atletas reais em disputas virtuais.
“As empresas vão poder se cadastrar no Ministério da Fazenda, procurar os meios de pagamento legais autorizados pelo Banco Central e, consequentemente, vão entrar recursos para os cofres da União para bancar os seus programas sociais”, afirmou o Senador ngelo Coronel (PSD-BA) ao “Fantástico”. O projeto será agora votado na Câmara dos Deputados e não inclui jogos de azar.
Veja quem se pronunciou nas redes sociais:
Rico Melquiades
“Eu fiquei tão assustado com a situação, do negócio da investigação, que eu nunca passei por isso. Falei: ‘gente, não vamos dar nenhuma nota, não vamos dar entrevista, vamos esperar pra segunda-feira pra eu poder sentar pessoalmente com a minha equipe jurídica, conversar também com a equipe jurídica da Blazer, pra saber o que está acontecendo’. Então é por isso que não prestei esclarecimento e nem mandei nota para o Fantástico, fiquei muito assustado com a situação e decidi ficar calado.”
Juju Salimeni
“Gente, apareci no Fantástico pela primeira vez na vida. Nunca precisei da Globo pra ser quem eu sou. Não gosto de polêmica, não gosto de responder nada, enfim, mas o nível de hipocrisia dessa emissora é tão bizarro […] Não sei porque batem tanto na Blazer, que não tem sede no Brasil, mas nenhuma delas tem sede no Brasil. Todas as casas são em Curaçao. É muito ridículo, é muito hipócrita. A gente ganha pela publicidade, não ganha em cima de quem perde. O maior de todas as personalidades é o Neymar, vocês acham que ele precisa de ganhar em cima de quem perde […] Eu sou uma pessoa muito correta, tenho uma equipe que investiga tudo antes de fechar contrato, jamais vou colocar meu nome numa empresa que esteja envolvido em golpe.”
Juju Ferrari
“O meu contrato com a Blaze já acabou há muito tempo. Pra quem não sabe, perdi minha conta no Instagram e quase fui presa porque pensavam que eu tinha vínculo empresarial e eu apenas divulgava como várias outras pessoas. Engraçado que eles não derrubam o perfil do Neymar, né?”
Mel Maia
“Melissa Maia de Souza, por seus advogados, vem informar que não possui conhecimento acerca de qualquer investigação envolvendo o site blaze.com. tendo sido contratada apenas para realizar ações de publicidade, bem como que aguardará o desfecho do procedimento investigativo a fim de tentar as medidas cabíveis.”
Viih Tube
“A verdade é que não existe argumento que eu possa dar sobre já ter divulgado. ‘É só publicidade’ e ‘joga quem quer’. São formas de pensar, eu entendo, mas mesmo eu que estava em uma, não penso assim. Estamos errados e ponto (na minha percepção). E é assim que hoje resolvo as coisas com vocês, graças a Deus sempre falando a verdade, tô errada, venho, falo a verdade, sofra as consequências das minhas escolhas (e vocês estão certos) e é isso).”
Jon Vlogs
“É um entretenimento, gente. Dá pra você ganhar, dá pra você perder. Não tem nenhum vídeo meu na internet falando que é uma renda extra […] É incrível também como esses influenciadores tudo quer fugir, que eu ‘sou perfeitinho’, ‘não sabia’, para mano. Tá pingando bem, tá pagando e cassino sempre vai pagar muito pra influenciador. Os caras da Blazer me pagam e eu faço meu serviço. Também fui um cara esperto aonde eu criei uma agência e trouxe um tanto de influencer, que ‘forraram’ muito [faz sinal de grana].”
Fonte: Itatiaia
