Um bebê de 1 ano foi vítima de sequestro pelo próprio pai e usado como parte da ameaça contra a mãe por pouco mais de 24 horas da última sexta-feira ao sábado (16 a 17 de fevereiro) na Grande BH. O homem, de 32 anos, deu o valor da liberdade do bebê por um pix de R$ 5 mil, mas a mãe procurou a Polícia Civil de Minas Gerais, que encontrou a criança com a fralda suja e pedindo por amamentação.
De acordo com a delegada Fernanda Fiuza, da Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente (DEPCA), o crime começou na sexta-feira (16), quando a mãe, de 19 anos, estava com o filho em uma loja no Centro de Belo Horizonte. O pai apareceu e, fingindo ajudá-la, disse que iria com a criança em uma loja próxima, mas sumiu com o bebê em seguida. Foi aí que exigiu o dinheiro para devolver o filho à mãe.
“Ele pegou a criança e se negou a dar informações sobre onde ela estava. Ele pediu R$ 5 mil para entregar o bebê de volta. A partir desse momento, a situação deixa de ser apenas um pai com o filho, e vira sequestro. A partir da ameaça e da extorsão, é crime”, informou Fiuza.
Agentes da Polícia Civil iniciaram a busca pelo menino de 1 ano assim que a mãe procurou a delegacia e denunciou o agressor. Pouco mais de 24 horas depois, no sábado (17), o bebê foi encontrado na casa de familiares do homem em Ribeirão das Neves. A criança estava com as mesmas roupas e a mesma fralda do dia anterior, suja de fezes.
“Ele (o menino) estava muito, muito sujo, deplorável mesmo. E estava com fome. Como ainda amamenta, uma das primeiras coisas que fez quando viu a mãe foi pedir peito”, contou a delegada.
O homem não resistiu a prisão, apesar de ter negado que pediu dinheiro para devolver a criança. Na sua versão, tinha levado o filho para conhecer a família. Ele vai responder pelos crimes de extorsão mediante sequestro — com agravante por envolver menor de idade — e descumprimento de medida protetiva, uma vez que entrou em contato com a mãe da criança mesmo após a decisão judicial de afastamento.
Suspeito pode ficar até 20 anos preso
A Justiça definiu prisão preventiva do homem enquanto ele aguarda julgamento. Ele já possui passagem policial por violência doméstica e tráfico de drogas.
Se condenado, o agressor pode pegar de 12 a 20 anos de prisão pelo crime de extorsão mediante sequestro. Já o descumprimento da medida protetiva pode levar até dois anos de cadeia.
Relacionamento abusivo
A mãe do bebê contou aos policiais que vivia um relacionamento abusivo, à base de ameaça e violência. Mesmo com a medida protetiva contra o homem, a jovem era forçada a viver com ele em um hotel no Centro de BH. Se ela “o deixasse”, segundo denunciou, o agressor a mataria e mataria seus filhos.
“É um caso sério de violência doméstica. Até pela diferença de idade, ela com 19 e ele com 32, a jovem vivia como se fosse propriedade dele. Só podia sair quando ele permitia, viveu situações de cárcere e teve a vida dos filhos ameaçada”, afirma a delegada Fernanda Fiuza.
As constantes quebras da medida protetiva não eram de conhecimento da PCMG, uma vez que a mulher temia denunciar. Em uma das situações, o agressor colocou em risco a vida do filho mais velho da jovem, uma criança de 6 anos.
Como denunciar
Denúncias podem ser feitas por meio da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (disque 180) ou do Disque-Denúncia Unificado (disque 181).
O registro da ocorrência pode ser feito na delegacia policial mais próxima ou em Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs). Em Belo Horizonte, há uma unidade na Avenida Barbacena, 288, Barro Preto.
Pela Delegacia Virtual, podem ser registrados casos de ameaça, lesão corporal e vias de fato, além de descumprimento de medida protetiva. Por meio da plataforma digital, as vítimas ainda podem solicitar a medida protetiva enquanto estiverem fazendo o registro.
Fonte: O Tempo