O Brasil foi incluído na “Lista de Vigilância Nível 2” do relatório anual Trafficking in Persons, divulgado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. A publicação, que avalia os esforços globais no combate ao tráfico de pessoas, indica que o governo brasileiro não demonstrou avanços suficientes na área. A África do Sul também foi adicionada à mesma categoria.

Segundo o relatório, o Brasil reduziu o número de investigações e processos relacionados ao tráfico humano em comparação com anos anteriores, o que motivou sua reclassificação para a lista de observação. O documento, publicado com quase três meses de atraso devido à demissão em massa da equipe responsável, foi entregue nessa segunda-feira (30) ao congresso norte-americano.

No caso da África do Sul, o relatório reconhece algumas ações positivas, como a criação da primeira força-tarefa subprovincial contra o tráfico e a condenação de mais traficantes. No entanto, também aponta recuos: menos vítimas foram identificadas, e o número de investigações e processos caiu.

Em publicação na plataforma X, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou: “O tráfico humano é um crime horrível e devastador que também enriquece organizações criminosas transnacionais e regimes imorais e antiamericanos”.

 Tensões diplomáticas crescem

A divulgação do relatório ocorre em um contexto de tensões crescentes entre Brasil e Estados Unidos. Recentemente, o governo norte-americano impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, o que intensificou os atritos entre os dois países. O clima foi evidenciado durante discursos na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu às medidas afirmando que “o Brasil não aceitará sanções arbitrárias nem ingerências externas”, e classificou como “inaceitáveis” as agressões contra a independência do Judiciário brasileiro.

Em resposta, o presidente Donald Trump, que voltou a assumir o comando da Casa Branca, declarou que as tarifas aplicadas ao Brasil seriam consequência de supostas tentativas de “interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos norte-americanos e outros”, citando “censura, repressão, corrupção judicial e perseguição a críticos políticos nos Estados Unidos”.

Em relação à África do Sul, Trump também elevou o tom, acusando o país de cometer “genocídio de fazendeiros brancos” — afirmação feita sem apresentar evidências. Além disso, anunciou um programa de refúgio para sul-africanos brancos e impôs tarifas comerciais ao país africano.

A inclusão do Brasil na lista de observação de tráfico humano pelo Departamento de Estado norte-americano acrescenta um novo ponto de tensão à já delicada relação diplomática entre os dois países. Enquanto o governo dos EUA pressiona por ações mais efetivas no combate ao tráfico, o Brasil reage com críticas à ingerência externa e às sanções comerciais. O cenário reforça o clima de instabilidade nas relações bilaterais e amplia os desafios diplomáticos em curso.

Com informações do Poder 360

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