Em uma eleição histórica, o Parlamento japonês escolheu nesta terça-feira (21) Sanae Takaichi como a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão. A nomeação da conservadora de 64 anos marca uma guinada à direita na política japonesa e foi viabilizada por um novo acordo de coalizão entre o Partido Liberal Democrata (PLD) e o Nippon Ishin, legenda de orientação nacionalista.

Takaichi conquistou a liderança do PLD ao vencer seu rival centrista, Shinjiro Koizumi, em um segundo turno realizado na sede do partido, em Tóquio. A eleição interna ocorreu após a renúncia do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, considerado um moderado dentro do partido, e encerrou semanas de incertezas sobre o futuro da liderança japonesa.

A nova primeira-ministra já havia tentado o cargo no ano anterior, sem sucesso. Sua vitória atual é vista como um retorno da ala conservadora do PLD ao poder, após um período de liderança moderada sob Ishiba. Em seu discurso após o anúncio, Takaichi fez referência à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, afirmando buscar um Japão “forte e próspero”.

Nova coalizão e tensões políticas

A formação do novo governo só foi possível com a aliança entre o PLD e o Nippon Ishin (Partido da Inovação do Japão), que compartilha das posições firmes de Takaichi em relação à China e à imigração. “Estou muito ansiosa para trabalhar com vocês nos esforços para fortalecer a economia do Japão e remodelar o Japão como um país que pode ser responsável pelas gerações futuras”, disse a nova premiê ao colíder do Ishin, Hirofumi Yoshimura, durante a assinatura do acordo.

A coalizão anterior do PLD, com o partido Komeito, foi rompida após 26 anos. O Komeito, ligado à organização budista Soka Gakkai, rompeu com os liberais-democratas por discordar das propostas de segurança de Takaichi e pela insatisfação com a condução de um escândalo de financiamento político envolvendo o PLD.

Influência ideológica e possíveis desafios

Ideologicamente, Takaichi mantém forte conexão com o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 2022. Ambos compartilham visões revisionistas sobre a história do Japão durante a Segunda Guerra Mundial, o que pode provocar reações negativas de países vizinhos, especialmente Coreia do Sul e China.

A eleição de Takaichi é considerada um marco na política japonesa, ainda que envolta em tensões. Sua liderança representa um reposicionamento estratégico da direita japonesa e impõe desafios à estabilidade de coalizões futuras e às relações diplomáticas na Ásia.

Com a vitória de Sanae Takaichi, o Japão entra em uma nova fase política, marcada pela ascensão de sua primeira mulher ao cargo de primeira-ministra e por uma guinada conservadora na condução do governo. A aliança com o Nippon Ishin dá sustentação à sua gestão, mas também impõe o desafio de equilibrar pautas internas com a reação internacional às suas posições ideológicas.

Com informações do Metrópoles

 

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