O CBH Velhas surgiu como um órgão consultivo de Estado. Nunca foi deliberativo, de fato. É o que sempre foi. É o IGAM que tudo decide, e em alguns casos o COPAM. Concede alguma representação, minoritária, à sociedade civil no comitê, e fica parecendo uma ONG, com a cara da sociedade, mas não é.

Com que interesse esse mimetismo?

Após a estruturação da Agencia Peixe Vivo (uma Associação Empresarial liderada pela FIEMG e legitimada pelo governo estadual para administrar o engodo chamado cobrança), o CBH Velhas foi completamente abduzido para cumprir o triste papel de rosto legitimador social das políticas hídricas do “complexo gestor Estado-Fiemg-Faemg “.

É o capital que o dirige de fato. As mineradoras dominam a Fiemg (e o governo estadual) e são responsáveis principais pela exaustão hídrica que ocorreu na RMBH via rios das Velhas e Paraopeba que se agravou com o boom das commodities minerais das últimas décadas.  Temos que romper com isto!

A vazão do Rio das Velhas na ETA de Bela Fama em Nova Lima, quando chega agosto/setembro, fica em apenas 8 metros cúbicos por segundo, o menor volume de sua história. Impossível para abastecer com segurança 70% da capital BH e 50% da RMBH, aproximadamente.

A cobrança do valor de mercado da água bruta pelo uso econômico da água superficial dos rios e da subterrânea, retiradas pelos grandes empreendimentos não existe de verdade, é uma manobra contábil e política. O IGAM e o conjunto da SEMAD operam contra os seus propalados fins e a população. As altas tarifas de água e energia têm origem nesta escassez geral de água produzida pelos grandes empreendimentos econômicos e o desperdício absurdo  que existe neste uso e abuso. Rebaixaram os lençóis freáticos e criaram a Seca Subterrânea. Não é a velha seca sazonal da estiagem! É um fenômeno novo!

É a COPASA, o CBH VELHAS e a SEMAD – Governo Estadual – praticando “ménage à trois” explícito. E tentam diluir seus crimes ambientais e de gestão público-privada criminosa culpando as mudanças climáticas mundiais. É uma grande mentira de escape.

Ocorre o mesmo com o Agronegócio no Planalto Central do Cerrado. Desmatamento, monocultura e boom de exportação de grãos e carnes de forma absurdamente irresponsável secam as grandes bacias hidrográficas brasileiras. São estas formas insustentáveis de atividades que perturbam o ciclo hidrológico. Cuidado com o Al Gore! Ele não denuncia os desmatamentos, nem as monoculturas, nem as multinacionais de alimentos nem defende a biodiversidade. Defende o atual sistema econômico mundial que os beneficia. Foca nas emissões de carbono dos combustíveis fósseis. Claro que faz parte da nossa agenda diminuir emissões de carbono e mudar a matriz energética mundial. Mas e as mudanças sociais e dos padrões de consumo?

Urge mudar a política econômica mundial e os valores éticos de nossa sociedade. Este o objetivo do Movimento Ambientalistas na Tribuna.

Apolo Heringer Lisboa

 

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