Parlamentares bolsonaristas estão convocando apoiadores para uma manifestação em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, para o próximo domingo (10). Eles dizem que o protesto é contra os ministros Alexandre de Moraes (STF) e Flávio Dino (Justiça) e pela liberdade dos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

A convocação é feita pelas redes sociais e por grupos de WhatsApp. Textos e banners falam em “liberdade”, “resgate da Justiça”, “contra Flávio Dino no STF”. O senador Magno Malta (PL-ES), por exemplo, escreveu que é hora de “voltar às ruas”.

Já o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), citou a morte de Cleriston Pereira da Cunha, 46 anos, em 20 de novembro, no Complexo Penitenciário da Papuda. Ele foi preso por participar dos ataques de 8 de janeiro. Ato semelhante ao organizado para o próximo domingo, que também foi em memória de Cleriston, aconteceu na Avenida Paulista, em São Paulo, em 26 de novembro.

 Esse será primeiro ato bolsonarista em Brasília desde o 8 de janeiro

Essa será a primeira manifestação de bolsonaristas na capital do país desde 8 de janeiro, quando as sedes dos três poderes da República foram invadidas e depredadas. Mais de mil pessoas foram presas no mesmo dia ou no dia seguinte. A maioria já foi libertada mediante restrições, como uso de tornozeleira eletrônica.

Essas pessoas se reuniram em Brasília justamente após mobilização por meio de redes sociais para se manifestar contra o STF, além do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas. a Polícia Federal concluiu que desejavam criar condições para uma intervenção militar, que resultaria na queda do governo Lula e no fechamento do STF e do Congresso, com a volta de bolsonaro ao Palácio do Planalto.

À época, a maioria dos parlamentares que incentivaram a concentração em Brasília, como Nikolas, não estavam na capital ao lado dos apoiadores. Bolsonaro estava na Flórida, para onde voou com a família e auxiliares dois dias antes do fim do mandato, para não passar a faixa presidencial para Lula. Ele nunca reconheceu a derrota publicamente e continua questionando a lisura do sistema eleitoral brasileiro. No próximo domingo, Bolsonaro, estará em Buenos Aires, para participar da posse de Javier Milei na Presidência da Argentina.

Bolsonaro é investigado por suposta incitação aos atos de 8 de janeiro e outros que ocorreram após a vitória de Lula, como os que resultaram em fechamento de rodovias. Ele ainda responde pelas manifestações no 7 de setembro, que também pediam a destituição de ministros do STF. O ex-presidente foi tornado inelegível pelos próximos oito anos por causa da reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada em que apontou supostas irregularidades nos sistema eleitoral do país sem apresentar qualquer prova.

Secretaria de Segurança Pública do DF autorizou manifestação

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou, por meio de nota, que “o evento em questão foi cadastrado na pasta”. Ou seja, o órgão foi informado sobre a manifestação e a autorizou.

Por causa do 8 de janeiro, o secretário de Segurança do DF à época, Anderson Torres, foi afastado do cargo e preso. Ele viajou com a família para a Flórida dois dias antes da invasão e depredação dos prédios em Brasília. Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro, é suspeito de omissão e até envolvimento direto nesse e em outros episódios, como as blitze realizadas pela Polícia Rodoviária Federal no dia do segundo turno que visariam impedir eleitores de Lula de chegarem aos locais de votação.

Também por causa do 8 de janeiro, parte da cúpula da Polícia Militar do DF, incluindo seu comandante-geral, foi presa. Outros PMs de menores patentes respondem a processo.

O STF começa a analisar nesta sexta-feira (8) 48 embargos de declaração (um tipo de recurso) apresentados contra recebimento de denúncia contra investigados por participação nos atos de 8 de janeiro. No total, 39 recursos são de réus por suposta participação no planejamento e com responsabilidade intelectual no ato; e outros nove são de acusados de terem participado da invasão aos prédios dos Três Poderes.

Fonte: O Tempo

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