A farmacêutica brasileira EMS começou a comercializar, nesta segunda-feira (4), as primeiras canetas injetáveis produzidas no Brasil para o tratamento de obesidade e diabetes tipo 2. Os medicamentos Olire (obesidade) e Lirux (diabetes tipo 2), à base de liraglutida, chegam ao mercado após aprovação da Anvisa em dezembro de 2024. A venda exige receita médica, que ficará retida nas farmácias.
Inicialmente, os produtos estarão disponíveis em farmácias físicas e plataformas digitais das redes Raia, Drogasil, Drogaria São Paulo e Pacheco nas regiões Sul e Sudeste. A EMS distribuiu 100 mil unidades de Olire e 50 mil de Lirux nesta fase, com expansão gradual para todo o país.
Os preços sugeridos variam conforme a apresentação: embalagens unitárias custam a partir de R$ 307,26, pacotes com duas canetas de Lirux saem por R$ 507,07, e kits com três unidades de Olire são vendidos por R$ 760,61. Segundo a empresa, os valores são 10% a 20% menores que os concorrentes importados. A projeção é distribuir 250 mil unidades até dezembro de 2025 e 500 mil até agosto de 2026.
Funcionamento e diferenças
Ambos os medicamentos exigem aplicação diária, com dosagens máximas de 3 mg (Olire) e 1,8 mg (Lirux). A aplicação é subcutânea, podendo ser feita no abdômen, coxa ou braço, sem relação com alimentação. Enquanto o Olire é indicado para jovens a partir de 12 anos com obesidade, o Lirux trata diabetes tipo 2 em pacientes acima de 10 anos.
Diferentemente dos concorrentes importados, como Victoza (Novo Nordisk), que usam bactérias geneticamente modificadas, as canetas brasileiras são produzidas com peptídeos sintéticos. Iran Gonçalves Jr., diretor médico da EMS, destacou que a tecnologia garante alta pureza e segue padrões internacionais.
Investimentos e próximos passos
A EMS investiu mais de R$ 1 bilhão no projeto, incluindo uma fábrica em Hortolândia (SP) especializada em peptídeos, inaugurada em agosto de 2024. A unidade, com capacidade para 40 milhões de canetas por ano, teve parte do financiamento (R$ 48 milhões) viabilizado pelo BNDES.
A empresa também planeja lançar uma versão nacional da semaglutida (princípio ativo do Ozempic e Wegovy) no segundo semestre de 2026, após o vencimento da patente da Novo Nordisk. A concorrente Hypera também anunciou interesse em produzir o medicamento.
Com a produção local, a EMS busca oferecer tratamentos mais acessíveis para obesidade e diabetes, reduzindo a dependência de importações. A expectativa é que os novos produtos representem 25% do faturamento da empresa nos próximos dois anos, além de potencialmente ampliar o acesso pelo SUS no futuro.
Com informações O Tempo