Com a chegada do período de ventos mais fortes e pouca chuva, crianças e jovens aproveitam para soltar pipas, uma brincadeira tradicional e divertida, muito comum em Minas Gerais. No entanto, essa prática pode causar prejuízos e até acidentes graves quando realizada próxima à rede elétrica.
Somente no ano passado, 765 mil clientes da Cemig foram prejudicados por essa prática, em 2.664 ocorrências relacionadas à rede elétrica. Na Região do Triângulo, mais de 87 mil unidades consumidoras foram afetadas em 328 incidentes.
Nos primeiros cinco meses de 2025, a Cemig registrou 853 ocorrências envolvendo pipas em Minas Gerais, impactando 248 mil clientes. Na Região do Triângulo, foram 94 ocorrências, deixando quase 14 mil unidades consumidoras sem energia.
Dicas e orientações
O técnico de Segurança da Cemig, César de Jesus Souza, orienta que a brincadeira de soltar pipas nunca deve ser realizada em áreas urbanas. De acordo com o especialista, a solução deve ocorrer em áreas abertas e distantes da rede de distribuição da companhia.
“Atualmente, com uma grande quantidade de redes de distribuição nos centros urbanos, a brincadeira de soltar pipas ficou inviável nesses locais. Caso a pipa fique presa em um componente da rede elétrica, uma pessoa pode sofrer um choque de até 13.800 volts. Por isso, é fundamental que os pais orientem seus filhos para evitar acidentes que podem até levar a um óbito”, destaca.
O técnico de Segurança da Cemig alerta que nunca se deve tentar resgatar pipas presas na rede elétrica, pois o risco de acidentes é muito grande. “As redes de distribuição, de transmissão e as subestações da Cemig são construídas dentro dos padrões das normas técnicas brasileiras, com características e distanciamento que garantem segurança. Dessa forma, a aproximação indevida e o uso de cerol e linha chilena têm sido os principais causadores de acidentes com a rede elétrica da companhia”, ressalta.
Lei proíbe uso de linhas cortantes em MG
A Lei 23.515/2019 proíbe a utilização de cerol ou linha chilena no estado. Essa legislação, que veda a comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares, está em vigor desde dezembro de 2019.
A multa para quem for flagrado vendendo linhas cortantes varia de R$ 5.531 a R$ 276 mil (em casos de reincidência). Quando a linha cortante apreendida estiver no poder de criança ou adolescente, os pais ou responsáveis legais serão notificados da autuação, e o caso será comunicado ao Conselho Tutelar.
Além da legislação, César de Jesus Souza alerta para o fato de que o uso do cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Além disso, muitas crianças amarraram as pipas com arames e fios metálicos. “São materiais altamente condutores e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos da rede de energia, causando choque elétrico”, afirma.
Além do risco de ocorrências com a rede elétrica, as linhas cortantes também representam perigo para outras pessoas. “Quando alguém utiliza uma linha cortante, ela pode cortar os cabos de energia e causar acidentes graves para quem está soltando ou para outras pessoas. Nunca se deve usar cerol ou linha chilena nesse tipo de brincadeira”, alerta.
Fonte: Cesar de Jesus Souza, técnico de Segurança do Trabalho da Cemig