Uma criança de 2 anos, que estava com a madrasta no bairro Jaqueline, região Norte de Belo Horizonte, deu entrada em dois hospitais nesse domingo (8) em situação gravíssima. Após passar pelo Risoleta Neves, o menino foi para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII, onde teve duas paradas cardíacas e morreu na madrugada desta segunda-feira (9). Médicos desconfiaram da versão do pai e da madrasta e acionaram a polícia.
No Risoleta Neves, a criança foi admitida com lesões na boca, na cabeça e na testa, com a mão esquerda torta e pernas duras. Foi assim que o pai encontrou o filho de madrugada quando chegou do trabalho. Ele tentou abrir os olhos da criança, que não respondia, apenas gemia de dor. Enquanto era transferido para o João XXIII, o menino sofreu uma parada cardíaca de quase 15 minutos e, ao chegar no HPS, sofreu outra de 10 minutos. O boletim de ocorrência aponta que no João XXIII a equipe médica constatou lesão não visível por toda parte anterior da cabeça, escoriações no queixo, além de edema na testa.
Segundo a versão do pai da criança, ele estava em casa no sábado, quando decidiu sair para cortar o cabelo. Ao chegar no salão, a companheira dele ligou e disse que a criança havia caído. Segundo a madrasta, ela administrou relaxante muscular muscular para o garoto, já que ele reclamava de dor. O pai chegou em casa no final da tarde, viu o filho e não percebeu nenhuma anormalidade. Mais tarde, ele saiu para trabalhar, chegou a receber uma mensagem de áudio da namorada pouco depois das 0h, não conseguiu ouvir, e quando chegou em casa já viu o filho inconsciente no sofá.
Ele questionou a companheira, que afirmou que durante o almoço, uma panela caiu e derrubou comida, o que deixou o piso escorregadio. No início da tarde, ela estava no quarto enquanto o enteado estava pela casa e ouviu um grande barulho, mas não foi ver o que ocorreu. Em seguida, alega ter ouvido outro estrondo e a criança chorou e pediu colo.
A madrasta alegou aos policiais ainda que fez o menino dormir durante a tarde e saiu com o companheiro, deixando as crianças sozinhas em casa. Quando chegou, a menina já estava acordada, enquanto o enteado ainda dormia. Durante a madrugada, ela relatou ainda que o menino vomitou algumas vezes, mas deu banho nele e voltou a fazer ele dormir.
A guarda do menino era da mãe, mas há duas semanas o garoto estava na casa do pai e seria devolvido nesse domingo. A mãe ficou com o filho durante o atendimento no João XXIII. Ela afirmou aos policiais que o filho já voltou da casa do pai machucado outras vezes e, na última, teve sangramento no ouvido. A mãe suspeita de agressões da madrasta e omissão do pai.
A madrasta, de 34 anos, e o pai do menino, de 31 anos, foram detidos na porta do João XXIII enquanto o menino ainda era atendido em estado gravíssimo. A reportagem procurou a Polícia Civil e a Fhemig e aguarda resposta.
Fonte: O Tempo