Uma startup suíça começou a conduzir os testes de um dispositivo que trata a disfunção erétil com controle remoto no Brasil. Até o momento, três implantes já foram realizados sobre a nova tecnologia para tratar o problema de saúde que afeta vários homens.
Agora, a empresa está analisando seus resultados antes de ampliar a amostragem de testes.
A ideia da Comphya, comandada pelo brasileiro Rodrigo Fraga, é oferecer uma alternativa para os pacientes com disfunção erétil que não podem usar ou que não obtém resultados satisfatórios quando usam métodos tradicionais, como a medicação via oral ou injeções.
“Nem todos os casos de disfunção erétil respondem aos tratamentos convencionais”, explicou Leonardo Borges, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein. “Alguns pacientes com condições médicas mais graves e aqueles que não toleraram os efeitos colaterais dos medicamentos podem necessitar de abordagens alternativas”.
No Brasil, os testes são realizados em pessoas com lesões medulares, por exemplo. Na Austrália, onde os testes também estão ocorrendo, o público escolhido foi as pessoas que passaram por prostatectomia – a cirurgia de remoção da próstata.
Conforme disse Borges, estima-se que cerca de 50% dos homens com idade entre 40 e 70 anos já tenham experienciado um episódio de disfunção erétil. Contudo, outras faixas etárias também podem apresentar o quadro, geralmente ligado a problemas de origem psicológico, como a ansiedade.
Como funciona o dispositivo?
O dispositivo, que recebeu o nome de CaverSTIM, é um bioestimulador colocado no assoalho pélvico por meio de uma mini-cirurgia pouco invasiva, que é ativado por um controle remoto. Quando o paciente ativa o mecanismo, ele tem uma ereção.
Para isso, o médico implanta uma malha de eletrodos múltiplos que vão estimular o nervo cavernoso, responsável pelo processo de ereção. Quando o paciente acorda, a equipe analisa quais eletrodos estão tocando o nervo em uma posição boa e estão funcionando para corrigir a disfunção erétil.
Com esse mapeamento feito, é possível remover os eletrodos que não funcionam. Isso acontece porque existe uma variabilidade anatômica grande no assoalho pélvico dos homens, o que exige diferentes posicionamentos para os eletrodos nos diferentes pacientes, conforme explicou Fraga.
“É como você atirar no escuro, você não sabe para onde você tá atirando, mas você atira em todas as regiões. Quando você escuta o sino você continua tirando na mesma região”, comparou o CEO da empresa.
O que precisa ser feito antes do dispositivo ser posto no mercado?
O CaverSTIM está em uma fase preliminar de testes, em que a Comphya precisa alcançar resultados robustos para poder aumentar a escala de testes.
“Para dispositivo médico, a gente faz teste piloto, que é o que a gente está fazendo, e em seguida a gente faz um teste pivotal. O piloto tem poucos pacientes para você otimizar alguns parâmetros e o pivotal é com mais pacientes. Você precisa ter uma estatística forte para mostrar segurança e eficácia”, explicou Fraga.
Só depois do teste clínico pivotal é que a empresa vai poder pedir o registro do CaverSTIM nas agências regulatórias dos países.
Fonte: CNN