O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente, nesta quinta-feira (6), o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), durante a Cúpula do Clima, realizada em Belém (PA). A iniciativa, apresentada em um almoço oferecido pelo governo brasileiro, busca mobilizar investimentos para a conservação das florestas tropicais em mais de 70 países, incluindo o Brasil.

Financiamento e objetivos

Segundo o presidente, o TFFF é um mecanismo financeiro inovador voltado à preservação das florestas tropicais, com a meta de valorizar economicamente os serviços ecossistêmicos e recompensar quem protege o meio ambiente.

“As florestas valem mais em pé do que derrubadas. Elas deveriam integrar o PIB dos nossos países. Os serviços ecossistêmicos precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas. Os fundos verdes internacionais não estão à altura do desafio”, afirmou Lula.

O TFFF, explicou o presidente, não será baseado em doações, mas em investimentos soberanos e privados, buscando complementar mecanismos de pagamento por redução de emissões de gases de efeito estufa. O modelo prevê um fundo de capital misto, com portfólio diversificado em ações e títulos.

Estrutura e metas financeiras

Os primeiros aportes virão de governos nacionais, que darão início ao fundo e atrairão recursos da iniciativa privada. A proposta inicial do governo brasileiro é atingir US$ 25 bilhões em adesões estatais e chegar a US$ 125 bilhões com a entrada de capital privado.

Os rendimentos obtidos com os investimentos serão usados para financiar a manutenção das áreas de floresta preservadas, com pagamento estimado de US$ 4 por hectare conservado. Lula destacou que o valor pode parecer modesto, mas lembrou que as florestas tropicais somam 1,1 bilhão de hectares distribuídos em 73 países em desenvolvimento.

“Os lucros serão repartidos entre os países de florestas tropicais e os investidores. Esses recursos irão diretamente para os governos nacionais, que poderão garantir programas soberanos de longo prazo”, disse o presidente.

Governança e monitoramento

O Banco Mundial sediará o mecanismo financeiro e o secretariado do TFFF, que contará com um modelo de governança inovador, segundo Lula. O fundo também destinará 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais, reconhecendo o papel dessas populações na preservação ambiental.

O acompanhamento do cumprimento das metas será feito por monitoramento via satélite, capaz de identificar a manutenção das florestas e garantir que o desmatamento permaneça abaixo de 0,5% nos países participantes.

Apoios e simbolismo

O lançamento do TFFF ocorre após o aporte inicial de US$ 1 bilhão feito pelo governo brasileiro em 23 de setembro, durante o primeiro diálogo de apresentação da ferramenta em Brasília, promovido em parceria com o Secretariado das Nações Unidas (UNFCCC).

Lula destacou que vários países com florestas tropicais e potenciais financiadores já manifestaram apoio à iniciativa.

“É simbólico que a celebração do seu nascimento seja feita aqui em Belém, rodeada de sumaúmas, açaizeiros, andirobas e jacarandás. Em poucos anos poderemos ver o fruto desse fundo. Teremos orgulho de lembrar que foi no coração da Floresta Amazônica que demos esse passo juntos.”

Com o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, o Brasil busca liderar um novo modelo global de financiamento ambiental, capaz de unir governos, investidores e comunidades na preservação das florestas. A proposta reforça o compromisso do país com o desenvolvimento sustentável e a valorização econômica da natureza como estratégia para o enfrentamento da crise climática.

Com informações da Agência Brasil

 

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