Um estudo sobre as sardinhas de Fernando de Noronha, realizado por um grupo de pesquisadores brasileiros e da Alemanha, com análise de dados na Coreia do Sul, está descobrindo detalhes de uma espécie de sardinha que ocorre no arquipélago e não se desloca para a costa, e que ainda não está catalogada.

Segundo o professor da UFRN Sérgio Maia Mendes, integrante do grupo de pesquisadores que realiza o levantamento, as análises de genética levaram à conclusão de que a sardinha encontrada em Fernando de Noronha é uma espécie nova, que ainda não tem nome científico registrado.

Outra informação confirmada pelos cientistas é que, apesar de existir também na costa brasileira, a população de sardinhas da ilha não migra para outras regiões, ficando apenas no arquipélago.

A população de Fernando de Noronha não vai para o continente; essa espécie só vive na ilha. As primeiras sardinhas chegaram em Noronha há 20 mil anos”, detalhou Sérgio Mendes.

A comprovação de que essas sardinhas não migram é um dos fatores que indicam a necessidade de conservação da espécie. “Se a população de sardinhas de Noronha acabar, não existe possibilidade de ser repovoada. Esse é mais um motivo da necessidade do manejo”, avaliou o pesquisador.

A pesquisa fará um levantamento amplo da espécie para que, com base nos resultados, seja possível sugerir as diretrizes para o manejo da sardinha em Fernando de Noronha. Os resultados serão apresentados ao Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), com indicações de ações a serem tomadas.

A professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Liana de Figueiredo Mendes, coordena o estudo e afirmou que a coleta de dados é completa.

A ideia é levantar informações bioecológicas, evolutivas. Dados de alimentação das sardinhas, como se deslocam, onde vivem, tamanho e estrutura da população, estágio de reprodução, entre outros”, afirmou Liana Mendes.

 

Como é feito o levantamento?

  • Os pesquisadores capturam as sardinhas, recolhem amostras e fazem o sequenciamento de DNA e um estudo de genômica.
  • O trabalho de campo também inclui a coleta do plâncton – que é o alimento da sardinha – de dia e de noite, para análise da dieta.
  • Uma das hipóteses é que o aquecimento global, que também afeta a água dos oceanos, pode prejudicar a sobrevivência da espécie.
  • Um outro estudo que está sendo feito na ilha, investigando o fundo do mar, apontou que há 25 anos a água do mar em Fernando de Noronha, no período mais frio, contava com temperada de 25 graus. Atualmente, chega a 26 graus.
  • Nos períodos mais quentes, era entre 28 e 29 graus; hoje são registrados até 30 graus no verão.

Drone

Os pesquisadores passaram a utilizar um drone para o estudo da ecologia populacional das sardinhas.

Contamos com apoio do ICMBio, que realiza as imagens. Com isso, é possível estimar o cardume de sardinhas. Também mergulhamos e conseguimos estimar a biomassa das sardinhas”, informou Liana Mendes.

O equipamento está ajudando num estudo sistematizado da Praia do Sudeste e das praias que vão do Bode até a Praia do Cachorro.

Além do tamanho do cardume, sabemos onde ocorre, se está perto da arrebentação, periodicidade e a ocorrência das sardinhas nessa região”, indicou Liana.

Esta etapa do projeto com o drone começou no mês de abril e segue por um ano. A equipe do ICMBio faz o registro de imagens, mesmo quando os pesquisadores não estão na ilha.

 

Genética

A análise da genética das sardinhas capturadas em Fernando de Noronha é feita pelo pesquisador português Ricardo Pereira, na universidade LMU, na Alemanha.

Já o sequenciamento de DNA é feito na Coreia do Sul. O material é enviado para análise naquele país asiático.

Além dos professores Liana Mendes e Sérgio Mendes, também participam do estudo:

  • Ali Ger UFRN (estudo do plâncton)
  • Priscila Lopes UFRN (estudo ecologia humana)
  • Cristiano Albuquerque Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) (estudo otólitos)
  • Ricardo Pereira LMU Munique Alemanha (estudo genética)
  • Tiego Araújo Costa (estudo ccologia)
  • Lorena Agostinho UFRN (doutorado)
  • Jessica Coelho UFRN (doutorado)
  • Thaís Araújo UFRN (mestrado)
  • Ana Bennemann UFRN (mestrado)
  • Mateus Hamermuller (estudo monografia)

 

Manejo

A captura da sardinha na área do Parque Nacional Marinho para uso como isca natural para pesca de peixes de grande porte sempre foi solicitada pelos pescadores ao ICMBio.

O instituto deu autorização especial a 52 pescadores credenciados a realizar a captura da sardinha nas praias do Leão e Caieiras no período de novembro a abril.

Os pesquisadores entrevistam os pescadores da ilha para acompanha o trabalho. O estudo deve indicar as melhores formas de realizar o manejo em Fernando de Noronha.

 

Fonte: G1

 

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