A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou o primeiro colírio para o tratamento da presbiopia — condição conhecida como vista cansada — sem a necessidade de óculos. O medicamento, chamado VIZZ, foi desenvolvido pela biofarmacêutica LENZ Therapeutics e tem como base a substância aceclidina.

Segundo Luiz Carlos Molinari, diretor científico-adjunto da Associação Médica de Minas Gerais e diretor da Sociedade Mineira de Oftalmologia, a presbiopia é uma condição comum que afeta pessoas a partir dos 40 anos, dificultando o foco em objetos próximos. “É um processo natural de envelhecimento do olho, no qual o cristalino perde elasticidade, dificultando a acomodação visual para perto”, explica. Os sintomas incluem dificuldade para ler letras pequenas, necessidade de afastar objetos para enxergar com clareza e cansaço visual em tarefas de perto.

O colírio age diretamente no músculo da íris, contraindo a pupila e aumentando a profundidade de foco. O efeito é semelhante ao “pinhole” de uma câmera fotográfica, melhorando a nitidez da visão de perto sem comprometer a visão de longe. A melhora ocorre cerca de 30 minutos após a aplicação e pode durar até 10 horas. “Ao reduzir o tamanho da pupila, a luz se concentra melhor na retina, melhorando a visão de perto”, afirma Molinari.

A aprovação do VIZZ foi baseada em três estudos clínicos de fase 3: CLARITY 1 e 2, com 466 pacientes acompanhados por 42 dias, e CLARITY 3, com 217 participantes avaliados por seis meses. Os ensaios mostraram melhora significativa na visão de perto em comparação ao grupo controle, atingindo os objetivos primários e secundários.

Durante os testes, não foram registrados eventos adversos graves relacionados ao uso do colírio em mais de 30 mil dias de observação. Os efeitos colaterais mais comuns foram irritação ocular (20%), visão ligeiramente turva (16%), dor de cabeça (13%) e vermelhidão nos olhos (8%). Os sintomas foram leves, temporários e autolimitados.
O VIZZ se diferencia de outros tratamentos por atuar diretamente na pupila, evitando o desconforto causado por medicamentos que afetam o músculo ciliar. Além disso, sua ação prolongada permite uma única aplicação diária.

O lançamento do colírio nos Estados Unidos está previsto para o final de 2025, com custo estimado de US$ 79 (cerca de R$ 427,58) para 25 doses mensais. No Brasil, ainda não há previsão de aprovação ou comercialização, pois o produto precisa passar por avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Molinari alerta que o uso do colírio deve ser feito sob orientação médica, já que cada paciente pode reagir de forma diferente. O medicamento não substitui os óculos em todas as situações, especialmente em ambientes com pouca luz ou em atividades que exigem visão à distância, como dirigir à noite. “Até que o colírio esteja disponível no país, é importante procurar um oftalmologista credenciado para exames completos e prescrição de óculos quando necessário”, recomenda.

Com informações do Itatiaia

 

COMPARTILHAR: