A Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou, na manhã desta quarta-feira (10/9), uma aeronave que entrou de forma não autorizada no espaço aéreo nacional, proveniente da Venezuela. O bimotor Beechcraft 58 Baron, prefixo PR-DCS, foi detectado por radares por volta das 9h (horário de Brasília), e caças A-29 Super Tucano foram acionados para realizar os protocolos de policiamento aéreo.

Segundo nota oficial da FAB, os militares realizaram “reconhecimento visual, interrogação e ordem para a mudança de rota da aeronave ilícita”. O piloto, no entanto, não colaborou. “O piloto da aeronave ilícita descumpriu as determinações da Defesa Aérea, desceu de forma não colaborativa para próximo à copa das árvores e lançou a própria aeronave nas águas da represa de Balbina”, informou a Força Aérea.

Após o pouso forçado nas proximidades de Presidente Figueiredo (AM), o piloto fugiu. Policiais federais, transportados por um helicóptero Bell 412 da FAB, localizaram cerca de 380 kg de skunk — uma variedade mais potente e cara da cannabis — no interior do avião.

A operação foi coordenada pelo Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), em parceria com a Polícia Federal, como parte da Operação Ágata Ostium, que integra o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF). “A iniciativa reforça a atuação coordenada entre a FAB e os órgãos de segurança pública no combate a ilícitos transnacionais e na garantia da soberania do espaço aéreo brasileiro”, destacou a FAB.

As abordagens aéreas seguem regras estabelecidas por decreto de 2004, assinado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto determina que o piloto da aeronave suspeita deve ser orientado, por rádio ou sinais visuais, a pousar em local determinado. Caso não obedeça, é autorizado o disparo de munição traçante “de maneira que possam ser observados pela tripulação da aeronave interceptada, com o objetivo de persuadi-la a obedecer às ordens transmitidas”. Em último caso, o avião pode ser considerado hostil e abatido.

Em fevereiro, a FAB abateu uma aeronave venezuelana que transportava drogas e entrou ilegalmente no Brasil. O avião foi derrubado próximo a Manaus, e os dois ocupantes morreram. A Polícia Federal encontrou entorpecentes a bordo. Já em maio, dois Super Tucanos interceptaram no Pará um avião de pequeno porte com cerca de 200 kg de skunk. Após o pouso forçado em área de mata, os ocupantes atearam fogo na aeronave e fugiram.

De janeiro de 2019 até julho de 2024, a FAB interceptou 4.020 aeronaves suspeitas no espaço aéreo brasileiro. Em 90 dessas operações, houve necessidade de disparos para obrigar o piloto a pousar ou mudar de rota. A maioria dos aviões interceptados está ligada ao tráfico de drogas ou à atuação em áreas proibidas, como a Terra Indígena Yanomami, cujo espaço aéreo foi fechado em 2023 devido a ações contra o garimpo ilegal.

A interceptação desta quarta-feira reforça o papel da FAB na proteção do espaço aéreo nacional e no combate ao tráfico internacional de drogas. Com ações coordenadas e protocolos rigorosos, as autoridades brasileiras seguem atuando para garantir a segurança pública e a soberania das fronteiras.

Com informações do O Tempo/ Folhapress

 

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