O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que a presidente Dilma Rousseff fez um “pacto com o demônio” para tentar salvar seu governo ao oferecer novos ministérios ao PMDB.

Em entrevista à “Folha de S.Paulo” publicada na edição desta sexta-feira (25), FHC avaliou que aumentar a influência do partido do vice, Michel Temer, no governo sem propor reformas será, na prática, uma forma de entregar a governança ao partido, teoricamente, maior aliado do PT.

“Em épocas de incerteza, é natural que os partidos fiquem oscilantes. O PMDB indica duas direções. Uns acham que vale a pena manter o governo. Outros, que não dá mais”.

Ele também criticou o atual modelo político, afirmando que é impossível governar com a presença de mais de 30 partidos no Congresso.

Segundo Fernando Henrique, para sair definitivamente da crise seria necessário ter um diálogo maior com os partidos de base, o que é mais difícil à medida que a cada dia surgem novas legendas.

“Nosso sistema é presidencialista, mas muito dependente da capacidade do governo de formar maioria no congresso. Ela (Dilma) ainda não mostrou ainda que tem essa maioria”. 

 Ainda segundo ele, no sistema parlamentarista, a perda da maioria do Congresso levaria à queda do governo. “No presidencialista, não tem como fazer isso, a não ser por um processo mais violento, que é o impeachment”.

O ex-presidente sugeriu que Dilma convoque os partidos adversários para debater um pacto em torno das reformas necessárias. Para ele, os defensores do impeachment ainda não encontraram uma “narrativa convincente” para abrir, na Câmara dos Deputados, o processo que permitiria o impeachment.

“O tempo dela está se esgotando. Ela tem que olhar para a história. Não convém ficar marcada como a presidente que não conseguiu governar. Ou que vendeu a alma ao diabo para governar. Agora, ofereceu cinco ministérios ao PMDB. Vai governar como? Não vai. Vai ser governada”

FHC disse também que a crise política atual fará o PT encolher nos próximos anos. No entanto, em sua avaliação, o partido seguirá ocupando um espaço relevante na política nacional.

Além disso, avaliou que a atual crise política afeta também o PSDB, que terá que se posicionar a favor ou contra o impeachment, caso venha a ocorrer. Na avaliação de FHC, a troca do governo de Dilma para Michel Temer não resolveria os problemas, que são derivados da estrutura política do país.

 

Redação do Jornal Nova Imprensa O Tempo Online

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