Pós-pandemia, o mineiro quer mesmo é descobrir o “mundão”. Um levantamento do Itaú Unibanco mostrou que o Estado registrou um crescimento de 29% nas transações relacionadas a viagens internacionais em julho deste ano, em comparação ao mesmo período de 2022, enquanto a demanda nacional teve uma queda de 6%.
Só no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, o número de passageiros com destino ao exterior, durante o mesmo período, foi de 22.334 em 2022 para 40.939 em 2023, um aumento de 83%. O cenário é de quase total recuperação do desempenho pré-pandemia, quando 52 mil pessoas viajaram para o exterior em julho de 2019.
O estudo do Itaú Unibanco, ‘Análise de Comportamento de Consumo’, também mostrou que, em média, o valor gasto nas transações relacionadas a turismo fora do país é de R$ 1.867,36, praticamente o dobro das nacionais, de R$ 874,38. Deste montante de transações no exterior, as agências de turismo lideraram, com um aumento relevante de 93%, seguidas por companhias aéreas (48%), aluguel de automóveis (28%) e hotéis (5%). A pesquisa foi feita com base nas compras realizadas com cartões do Itaú Unibanco, maior emissor do país.
Na Patrícia Saraiva Travel, agência de viagens localizada no Lourdes, em Belo Horizonte, a demanda de passeios internacionais, em julho, aumentou, pelo menos, 50% entre 2022 e 2023. A proprietária da empresa, Patrícia Saraiva, de 49 anos, explica que a demanda estava tão reprimida, que as pessoas compraram pacotes no ano passado sem nem se preocupar com o câmbio. Apesar dessa aparente indiferença, os viajantes se deram bem, segundo ela: o dólar IATA, câmbio especial utilizado para a emissão de passagens aéreas, foi de quase R$ 7 em 2022 para R$ 4,80 atualmente. “Na pandemia, as agências se sobressaíram. Os clientes nos ligavam e alteravam as passagens até mesmo sem perder o pacote total. Todos os problemas foram resolvidos. Isso trouxe credibilidade”, explica a empresária.
Segundo Saraiva, a agência vendeu muitos pacotes para Nova York, nos Estados Unidos, e Europa em julho, além de resorts. “O público está mais exigente, buscando preços maiores. O perfil dos viajantes mudou muito”, detalha.
De acordo com o estudo do Itaú Unibanco, com 24% das transações, o país norte-americano foi mesmo o destino preferido dos mineiros, seguido pelos Países Baixos (9%), formado por 12 províncias, entre elas a Holanda. Argentina (7%), República da Irlanda (7%), Chile (6%), Espanha (5%), Itália (4%), França (4%) e Portugal (3%) vêm posteriormente.
No caso dos Países Baixos, o destino aparece por ser a sede do Booking, considerada uma das maiores plataformas de reserva de viagens do mundo.
Além da demanda reprimida pós-pandemia e das quedas recorrentes do dólar comercial, que teve quatro meses seguidos de recuo neste ano, chegando a R$ 4,80 em julho, outros fatores podem ter influenciado na maior procura por viagens internacionais pelos mineiros. Herlichy Bastos, diretor de operações da BH Airport, que administra o terminal em Confins, acredita que este crescimento é fruto do trabalho da empresa em aumentar o número de rotas no terminal. “Passamos de dois voos em dezembro para sete voos internacionais agora no primeiro semestre”, explica.
Até o final de 2022, o aeroporto contava com as rotas para Lisboa, em Portugal, pela TAP, e Panamá, pela Copa. Em março, o aeroporto inaugurou a operação da Avianca para Bogotá, na Colômbia. Em junho, foram inauguradas as rotas para Curaçao, na ilha do Caribe, e para Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, pela Azul. E, em setembro, haverá o lançamento do voo para Orlando, também pela Azul. Em novembro, será a vez de Santiago, no Chile, pela Latam.
Para Bastos, há um movimento natural do turista brasileiro de mais confiança para fazer viagens internacionais. “[O aumento de viagens para o exterior] é um pouco da demanda reprimida, confiança com relação à economia e a ligação direta de voos, que encurta a distância, faz o passageiro chegar no destino final mais rápido”, observa.
Atualmente, o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte se conecta a 63 destinos. Este número era de 43 em 2019.
Casados lideram buscas por viagens internacionais
O estudo do Itaú Unibanco também fez um recorte do perfil dos passageiros mineiros. Os casados lideram a procura pelas viagens internacionais, representando 49% do total. São eles também os que mais gastam, com ticket médio de R$ 2.135,36. Os solteiros são 42% do total de viajantes, os divorciados 8% e viúvos, apenas 1% [veja ‘Raio X’ abaixo].
Entre as gerações, a que mais viajou, se comparada a julho de 2022, foi a X, com 44% e aumento de 27% nas transações. Em seguida vem a Y, com 35% (e aumento de 36% nas transações), baby boomer com 19% (e aumento de 16% nas transações), e Z com 2% (e aumento de 84% nas transações).
Raio X de viagens em Minas:
Destinos internacionais mais procurados:
- 1°- Estados Unidos (24%)
- 2°- Países Baixo (9%)
- 3°- Argentina
- 4°- Reino Unido
- 5°- República da Irlanda
- 6°- Chile
- 7°- Espanha
- 8°- Itália
- 9°- França
- 10°- Portugal
Geração que mais viajou:
- Geração X (nascidos entre 1965 e 1980) – 44%
- Millennials (nascidos entre 1981 e 1996) – 35%
- Baby boomer ( nascidos entre 1946 e 1964) – 19%
- Geração Z (nascidos entre 1997 e 2010) – 2%
Ticket médio de gastos por geração:
- Geração X: R$ 2,050,63
- Baby boomer: R$ 2.038,12
- Geração Y: R$ 1.499,88
- Geração Z: R$ 1.088,31
Estado civil dos viajantes:
- Casados: 49% e ticket médio de R$ 2.135,36
- Solteiros: 42% e ticket médio de R$ 1.553,87
- Divorciados: 8% e ticket médio de R$.1674,43
- Viúvos: 1% e ticket médio de R$ 2.023,51.
Fonte: O Tempo