O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) tem assinatura prevista para 20 de dezembro. A confirmação foi feita nesse domingo (23) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua participação na Cúpula de Líderes do G20, em Joanesburgo, na África do Sul. Segundo Lula, a conclusão do pacto é prioridade para o governo brasileiro, que atualmente preside o bloco sul-americano.
Lula destacou a relevância econômica do acordo, que abrange aproximadamente 722 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) combinado de US$ 22 trilhões. O presidente classificou a iniciativa como “possivelmente o maior acordo comercial do mundo” e afirmou que, mesmo após a assinatura, haverá um longo processo até que todos os benefícios possam ser aproveitados.
As negociações entre a UE e o Mercosul formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai foram concluídas em dezembro do ano passado, após cerca de 25 anos de tratativas. Serão firmados dois textos: um acordo econômico-comercial, com vigência provisória, e um acordo completo que substituirá a versão inicial quando entrar em vigor definitivamente.
Em setembro, os documentos foram submetidos pela Comissão Europeia ao Parlamento Europeu e aos estados-membros. A aprovação exige maioria simples dos deputados e posterior ratificação de pelo menos 15 dos 27 países, representando 65% da população da UE um processo que pode levar anos. Ao mesmo tempo, cada país do Mercosul deverá encaminhar o texto a seus parlamentos, com entrada em vigor individual, sem necessidade de aprovação simultânea dos quatro membros.
Entretanto, o acordo enfrenta resistências. A França, maior produtora de carne bovina da União Europeia, classificou o texto como “inaceitável”, alegando falta de exigências ambientais adequadas na produção agrícola e industrial. Lula rebateu, afirmando que o país age de forma protecionista para defender seus interesses no setor. Agricultores europeus também protestaram, alegando que o pacto permitiria a entrada de commodities sul-americanas com preços mais baixos e padrões inferiores de segurança alimentar e ambiental afirmações negadas pela Comissão Europeia.
O Brasil defende que eventuais regulamentações internas sobre salvaguardas adotadas pela UE estejam alinhadas ao espírito e aos termos negociados entre os blocos. Já os proponentes europeus, como Alemanha e Espanha, argumentam que o acordo ajudaria a compensar perdas comerciais decorrentes de tarifas impostas pelos Estados Unidos durante o governo Donald Trump e reduziria a dependência da China, sobretudo em minerais essenciais.
A UE também vê no Mercosul um mercado em expansão para carros, máquinas e produtos químicos europeus, além de uma fonte estratégica de minerais importantes para a transição verde, como o lítio metálico usado em baterias. O pacto, segundo defensores, também ampliaria o acesso de produtos agrícolas europeus como queijos, presunto e vinhos ao mercado sul-americano, com tarifas reduzidas.
Com a assinatura prevista para 20 de dezembro, o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia se aproxima de um marco histórico após décadas de negociações. Apesar das resistências internas na Europa e dos longos trâmites de aprovação, o pacto é visto como estratégico por países de ambos os blocos e pode redefinir fluxos comerciais, agrícolas e industriais nos próximos anos.
Com informações do Hoje em Dia












