Apesar da polêmica envolvendo a retirada de 63 árvores do entorno do Mineirão para realização de uma corrida de Stock Car, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) iniciou, nesta quarta-feira (28), uma operação para realizar os cortes. Dezenas de árvores já foram derrubadas, o que gerou a indignação de moradores da região e ambientalistas. Para protestar, eles estão usando os troncos cortados para fechar avenidas no local e prometem ficar abraçados às árvores se for necessário.
O ambientalista Felipe Gomes esteve no local tentando evitar o que ele chamou de “operação de guerra” da Prefeitura para fazer os cortes. “Acredito que já foram cortadas cerca de 20 árvores. A Prefeitura está fazendo uma operação de guerra. Para enganar todo mundo, estão com caminhões para retirar as árvores cortadas imediatamente. Mas a população está revoltada aqui, colocamos árvores no meio da pista e vamos abraçar as árvores se for preciso, não vamos deixar continuarem”, reclamou.
Ainda segundo ele, a PBH deveria ter realizado uma consulta pública antes de iniciar os cortes. “Amanhã (quinta-feira, 29) acontece uma reunião do Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) e uma das conselheiras apresentaria um recurso para tentar impedir os cortes. Acreditamos que a prefeitura está atropelando isso, adiantaram o corte para evitar qualquer mudança”, completou o ambientalista.
Outro ponto bastante criticado pelas pessoas que são contra os cortes é o barulho dos carros de corrida, o que incomodaria e poderia até causar a morte animais que vivem em áreas verdes na região e que estariam internados no hospital veterinário da UFMG, que fica próximo ao local da prova. Além disso, também foi levantado o fato de a PBH ter uma reunião marcada com a reitora da UFMG e, ainda assim, ter iniciado os cortes “às pressas”.
Na noite dessa terça-feira (27), a PBH fez uma publicação nas redes sociais em que chamava de “fake” a afirmação de que BH irá perder muitas árvores. “Serão plantadas 688 novas árvores e a empresa produtora do evento será responsável pela sua manutenção durante 5 anos”, detalhou a postagem.
Alvo de centenas de críticas nas redes sociais, o município apagou a primeira postagem e fez uma nova publicação, alterando o número de árvores que serão suprimidas, que passou de 63 na primeira publicação para 55 na última, que segue na página do município. Apesar da mudança no dado, o total de árvores a serem cortadas é de 63, já que são 55 em vias públicas e 8 que serão suprimidas a pedido da administradora do estádio.
“Temos a liberação de todos os órgãos”, diz superintendente da PBH
Ouvido nesta quarta-feira pela reportagem do jornal O Tempo, o superintendente da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Henrique Castilho, garantiu que o município já tem todas as autorizações necessárias para o início da supressão das árvores.
“Nós temos a liberação de todos os órgãos necessários para poder fazer o corte. Com isso, foi feita a licitação para dar ordem de serviço o que foi publicado um Diário Oficial do Município”, afirmou. O superintendente também comentou o encontro com a reitora. “Chegou agora para mim um documento da reitoria da UFMG pedindo uma reunião com prefeito. Essa reunião vai ser marcada no momento que ela quiser, e o prefeito Fuad Noman vai recebê-la com o maior prazer”, completou Castilho.
Sobre o barulho que poderia incomodar os animais, ele explicou que um professor da UFMG apresentará em breve um projeto de “barreiras de som”, para reduzir este impacto.
Replantagem não ocorrerá no entorno do estádio
Ainda conforme o superintendente, as 688 árvores que serão replantadas pela empresa serão entregues pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que selecionará quais espécies. Além disso, elas não serão plantadas necessariamente no local de onde estão sendo retiradas, mas em outras áreas verdes da região da Pampulha.
“Elas serão plantadas em áreas verdes, micro- florestas nos parques da regional da Pampulha. Isso vai ser determinado pela secretaria de meio ambiente”, explicou. Castilho não soube dizer um prazo para que as quase 700 árvores de compensação sejam plantadas.
Fonte: O Tempo