Governador Valadares e Ipatinga – A empresa que venceu o leilão para administrar a BR-381, no trecho conhecido como “Rodovia da Morte”, não cumpriu integralmente as obras previstas no cronograma para os primeiros 100 dias de concessão. O prazo – fixado em 6 de fevereiro, durante a assinatura do contrato do governo federal com a concessionária Nova 381 – vence hoje.

O compromisso firmado pela empresa era realizar a capina ao longo de todo o trecho entre Caeté e Governador Valadares, além de fazer recapeamento, operações tapa-buracos e a recomposição da sinalização. A equipe de O TEMPO percorreu todo o trajeto nesta semana. Há obras, mas o número de buracos é grande, o asfalto em parte do trecho permanece desgastado e a sinalização ainda é precária. O trecho que já está sob gestão da concessionária tem 260 km.

No que se refere exclusivamente à capina da vegetação às margens da estrada, a promessa foi integralmente cumprida, o que ajuda na visualização da sinalização vertical, que são as placas de orientação aos motoristas. Antes da assinatura do contrato, o mato impedia que os avisos fossem identificados por quem usava a estrada. Apesar da melhora neste aspecto, há placas quebradas ou mal conservadas em todo o trecho sob concessão.

A sinalização horizontal, que são as faixas contínuas ou seccionadas pintadas no centro da rodovia para determinar pontos de ultrapassagem e laterais, que marcam os limites da estrada, ainda tem graves problemas. Em parte da pista, as marcações estão apagadas ou sobrepostas, como acontece no trecho de 42 quilômetros entre os municípios de Antônio Dias e Timóteo. Neste trecho, a má sinalização no asfalto confunde o motorista.

O trecho entre Antônio Dias e Timóteo, sentidos ida e volta, tem cinco túneis construídos em período anterior à concessão – contratadas pelo governo federal na gestão Dilma Rousseff, as obras foram abandonadas por um impasse financeiro com as empreiteiras que venceram a licitação.

No primeiro túnel (BH/Governador Valadares), o asfalto está irregular e sem refletores (olhos de gato) na pista. O segundo está em melhores condições, com asfalto conservado e refletores. Neste trecho, também devido a obras antigas, há um quebra-molas em apenas metade da pista, rumo a Valadares. Quem está à direita passa pelo redutor, mas à esquerda não é preciso diminuir a velocidade.

Após o trecho urbano formada por Timóteo, Coronel Fabriciano e Ipatinga – todas cidades do Vale do Aço cortadas pela BR-381 – a rodovia tem outro trecho ainda em condições precárias, com capina feita, mas com buracos, asfalto irregular e problemas de sinalização, principalmente entre os municípios de Santana do Paraíso e Naque. Deste ponto até Governador Valadares, porém, além da capina, houve recapeamento da pista e a sinalização do trecho está em boas condições.

Pedágio será cobrado após intervenções

A cobrança de pedágio pela concessionária que administra a BR-381, entre Caeté e Governador Valadares, só pode ser iniciada após o 12° mês de concessão, ou seja, em fevereiro de 2026. A taxação também está condicionada à conclusão de obras como capina, sinalização e recapeamento da pista, bem como a construção de praças de pedágio.

A concessão do trecho prevê a construção de cinco praças de pedágio. As tarifas serão cobradas em Caeté, João Monlevade, Jaguaraçu, Belo Oriente e Governador Valadares. O valor deve variar entre R$ 10,75 e R$ 13,75.

O projeto de concessão manda que, dos 303 km entre BH e Valadares (incluindo trecho a ser concedido a execução de obras pelo governo federal), apenas 134 km, ou menos da metade, serão duplicados. O restante da pista contará com faixas adicionais, que são implantadas sobretudo em subidas para uso de veículos pesados, facilitando a ultrapassagem de carros menores.

Trecho crítico foi retirado da licitação

O contrato de concessão da BR-381 assinado em fevereiro excluiu o trecho da rodovia entre os municípios de Belo Horizonte e Caeté. O percurso tem 43 km, e foi retirado da licitação por prever um grande número de desapropriações de imóveis. A situação vinha afastando investidores, conforme diagnóstico do governo federal.

Ficou acertado que o governo federal assumirá as desapropriações e as obras para duplicação da porção da rodovia entre a capital mineira e Caeté. Após a conclusão das intervenções, o percurso BH-Caeté será entregue para administração da empresa Nova 381.

O que dizem a ANTT e a concessionária Nova 381

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a concessionária Nova 381 afirmam que o cronograma de 100 dias de obras foi cumprido.

 

Fonte: Leandro Augusto-O Tempo

 

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